A Arábia Saudita, um dos países mais ricos do mundo, tem, em muitos lugares, uma imagem negativa. O país, que além de ter uma ditadura violenta, também carrega tradições preconceituosas, tem tentado melhorar sua imagem no mundo através de eventos esportivos.

O PIF, fundo de investimentos do estado saudita, já comprou o clube de futebol inglês Newcastle United, investe pesado no campeonato local para atrair grandes astros como Cristiano Ronaldo e, além de investir em outros esportes, sonha em ter seu próprio evento de tênis.

Os sauditas têm feito um lobby muito forte junto à ATP e WTA para ter um evento dentro de seus circuitos, mas, com um calendário muito cheio e que já vem sendo alvo de críticas, isso, por ora, é considerado inviável. Mesmo assim, o Estado Saudita segue investindo no esporte e, depois de sediar o Six Kings Slam, evento de exibição com a maior premiação da história do tênis, a Arábia Saudita receberá neste fim de ano o WTA Finals e o ATP Next Gen Finals.

Esse cenário pode mudar nos próximos anos, uma vez que, segundo informações do jornal The Athletic, um segmento de esportes do New York Times, a Endeavor, empresa do mesmo grupo da IMG, uma das grandes agências do mundo do tênis, estaria disposta a vender os torneios de Madrid e de Miami, dos quais detém os direitos. Sendo assim, duas datas no calendário da ATP estariam disponíveis para venda, e, ainda de acordo com o periódico, os árabes teriam interesse em adquirir um dos torneios.

Apesar disso, a situação não é tão simples quanto sugere. No caso do Masters 1000 de Miami, a Endeavor assinou um longo contrato com Steve Ross, dono dos Miami Dolphins e do Hard Rock Stadium, em 2018, para levar o torneio para o complexo do estádio do clube. Ross, inclusive, gastou cerca de US$ 71 milhões em melhorias no complexo esportivo para poder receber o evento.

Embora Madrid não tenha esse problema, o fato de ser um evento da gira de saibro europeia atrapalha a logística dos sauditas, que gostariam de receber um evento de quadras rápidas, como Miami. Além disso, as datas em que o torneio americano é disputado são muito importantes, uma vez que em março, quando a competição ocorre, o verão na Arábia ainda não chegou com força total, e o país conseguiria oferecer melhores condições aos atletas.

É importante ressaltar que, embora exista o interesse de ambas as partes, esse processo deverá acontecer apenas no longo prazo. Ainda de acordo com o The Athletic, é muito provável que as conversas só avancem entre meados de 2027 e 2028.

Foto: Ryahd Season