Treinador Competente: contexto e desafios

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Por Raphael Favilla  •  18 de Julho de 2022

Nos últimos anos, o Brasil sediou uma série de eventos esportivos internacionais, entre os quais os Jogos Pan-Americanos de 2007, os Jogos Mundiais Militares em 2011 e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos em 2016.


Cabe mencionar também, a realização de um número representativo de campeonatos mundiais de várias modalidades esportivas no país a partir de 2002 que, de certa forma, tiveram como propósito a preparação para os grandes eventos anteriormente citados.


Dentre os diversos fatores e argumentos para a realização desses eventos, os termos legado e impacto foram frequentemente utilizados como apelo positivo pelas organizações esportivas organizadoras, dentre elas o Ministério do Esporte, o Comitê Olímpico Brasileiro, as Federações estaduais, etc.


A temática que envolve tanto os impactos (curto e médio prazo) como os legados (longo prazo) consequentes de eventos esportivos é complexa e polêmica. Porém, sobre esse olhar do desenvolvimento esportivo, criou-se uma grande expectativa em relação às melhorias que poderiam acontecer para o esporte brasileiro, principalmente, em relação aos esportes olímpicos.


Passados os grandes eventos, pode se afirmar que, em termos de organização e realização, os objetivos foram cumpridos, apesar da identificação de diversos erros e muitos acertos. Já sobre a melhoria do esporte, os indícios nos levam a afirmar que, infelizmente, deixamos para trás boas oportunidades para evoluir.


De forma geral, é possível constatar a ausência de uma gestão profissional e responsável no esporte brasileiro. Continuamos com uma perspectiva de descontinuidade nos programas implementados, falta de visão estratégica, ineficácia, irresponsabilidade e ineficiência com relação aos recursos disponibilizados.


Mas nem tudo está perdido, e bons exemplos devem ser destacados. Uma das maiores autoridades sobre o ensino do tênis no Brasil, o doutor Caio Cortela vem há anos se especializando para contribuir com a reformulação do ensino e da capacitação dos professores e técnicos da modalidade no país.


Cortela, que assessora as federações do Paraná e de São Paulo, além da Confederação Brasileira de Tênis, recentemente participou do projeto do Comitê Olímpico do Brasil denominado "Modelo de Desenvolvimento Esportivo", contribuindo ativamente com a publicação do estudo.


O documento tem como premissa analisar o caminho que os atletas percorrem desde a iniciação, passando pelas categorias de base, ingressando no esporte de alto rendimento e terminando com a transição para uma nova carreira. Além disso, o estudo também traz um olhar especial para o desenvolvimento de treinadores e treinadoras, peças-chave para o sucesso de atletas.


“A iniciativa surge a partir de uma demanda, uma constatação internacional dos grandes órgãos de fomento ao esporte. Formar e ajudar o treinador a se desenvolver é o ponto de partida se quisermos ter uma mudança significativa em nosso contexto esportivo”, explicou.


Participando da gestão das federações paranaense e paulista de tênis, Cortela há anos estuda e coloca em prática projetos de desenvolvimento profissional para treinadores de tênis e, sobretudo, busca implementar um modelo nacional de formação desse profissional.


“No caso dos treinadores esportivos, o aumento das exigências profissionais requer uma mudança do foco de formação, saindo de modelos pautados na racionalidade técnica e na memorização de conteúdos, para abordagens centradas no aprendiz, com foco no desenvolvimento de competências e de profissionais capazes de refletirem sobre a própria prática e construírem o próprio conhecimento”, conta Cortela, que pretende, através de seu projeto Treinador Competente, contribuir efetivamente no desenvolvimento profissional de treinadores, academias e clubes de tênis.


É sobre o trabalho de Caio e as iniciativas propostas por ele que iremos nos debruçar nas próximas matérias. Para buscar soluções é preciso primeiro tentar entender os desafios colocados, e o que precisa ser superado para levar ao desenvolvimento do tênis brasileiro.


Na próxima quinta-feira (21), sai o segundo capítulo desta empreitada. Fique ligado e não perca. Até lá!


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