ATILA SANTOS

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Por Domingos Venâncio  •  20 de Janeiro de 2023
Por Domingos Venâncio

Estes são os menores desacompanhados? A pergunta sempre provocava risos...

Viajando por todo o Brasil, quatro tenistas menores de idade - com idade biológica maior do que a cronológica, alguns até começando a usar barba e carregando inúmeras raquetes (não existiam raqueteiras), tínhamos que esperar por alguma ou algum acompanhante para podermos desembarcar do avião. A cena era inusitada, engraçadíssima e até um pouco constrangedora. Os três mosqueteiros e Dartag’nan (os três irmãos Venancio, eu, Edgard e Lincoln, e Atila Santos).

Tendo passado pelos apelidos de Três Porquinhos; Três Macaquinhos (caminhávamos na ponta dos pés, meio quicando); e Irmãos Metralha, desde os tempos do Rio Cricket e IPC, em Nikity, sermos chamados de Três Mosqueteiros (alusão à obra de Alexandre Dumas), já treinando e jogando pelo Tijuca Tenis Clube, era uma enorme promoção para nossos egos infanto-juvenis... Ainda mais, na companhia do nosso Dartag’nan Tijucano.

Nesse período, morando em Nikity, treinávamos diariamente - inclusive “aos domingos” (nenhuma alusão à esta coluna) no Tijuca, enfrentando muitas horas de ônibus e caronas de nosso pai, no Corcel azul 75, o “Pedro Azulão”, nome de um personagem de novela da época, interpretado por Juca de Oliveira.

“Tirou um set do Átila?" A pergunta ecoava pelo mais competitivo dos clubes que já conheci, e pelo qual joguei todos os meus jogos do infanto ao juvenil, com muito orgulho. O jornalista/tenista Felipe Mussa sabe bem o que digo quando me refiro aos atletas tijucanos como “Badasses”, na gíria de basquete americano algo como “casca grossa”, cascudos”. Pois é.. tirar um set do Atila, mesmo em treino , conferia um carimbo de qualidade a qualquer jogador, que imediatamente passava a ter entrada garantida na famosa “Quadra Quatro”, onde reinavam, entre outros poucos, Ricardo Correa, Paulo Koeller, Egberto Caldas (o pai...de outro craque, também Egberto) e a mais jovem estrela, super carismático, Atila Santos.

Pois é... Treinávamos muito...MUITO ... diariamente, e aos domingos, eu e Atila jogávamos oito sets seguidos...isso mesmo ...OITO! Atila vencia quase todos, com seu jogo de saque e voleio , seu slice “afiado” de esquerda, que ele dizia que era ajudado por suas Head Arthur Ashe Comp. 2, cuja borda, segundo ele, servia até para fazer a barba, então para o slice seria perfeita..rsrs., fazendo com que abandonasse as Maxplys.. Pois é ..humor “non sense” , “inside jokes”, apelidos como “salve simpatia”, referindo-se a determinado tenista paulistano da época, sempre sisudo e de poucas palavras, a gentileza era sua característica mais marcante.

Tratava a todos como “amizadinha” (gíria até certo ponto anacrônica), rejeitou propostas de algumas Universidades americanas, que queriam aquele sacador /voleador em seus times. Preferiu o jornalismo, onde teve grande sucesso..longa carreira no Grupo Globo, após um tempo no Jornal do Brasil. Super baterista, rockeiro, (mesmo que, juntos, tivéssemos incursionado pelo mundo “Disco”, na antiga casa noturna “Papagayos” e na boite do Tijuca), passou seu DNA musical aos filhos Manu e João, músicos, ele, o mais jovem membro da história da OMB (Ordem dos músicos do Brasil) já tocou bateria com o grupo KISS, que o Atila adorava. São filhos de Isabella Terra, ex atleta de ginástica rítmica, claro, do Tijuca, onde se conheceram, namoraram e casaram . Sua participação na “politica esportiva” o levou à extinta ATC ( Associação dos Tenistas de Competição) e à cargos de direção na FTERJ. (Federação de Tenis do Estado do Rio de Janeiro).  Atila deve estar , nesse momento, subindo à rede ´mesmo que tome uma passada, do Renatinho Figueiredo, que também, tão cedo, nos deixou no final de 2022.

O tênis do Brasil , principalmente do Rio de Janeiro, fica mais triste... e sentiremos muita falta..


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