Por Haroldo Zwetsch

O planejamento diário do treino é a cereja do bolo. Todos os pequenos detalhes são construídos aqui, e exigem boa percepção do técnico para saber o que trabalhar em cada momento do processo.

No tênis, o empirismo ainda é muito predominante no ensino, ou seja, o processo é descoberto e não planejado na maioria dos casos.

Temos muitos estudos sobre como planejar e conduzir a carreira de um tenista, da infância até o nível profissional, que auxiliam a tomar melhores decisões.

Muitas horas em quadra sem objetivos e metas estabelecidas para o jogador não atendem ao princípio: “precisa de muita repetição e prática”.

Repetir o quê? Praticar o quê? Se o técnico não sabe do que o jogador precisa, imagina o próprio jogador...

Um bom planejamento envolve os seguintes itens: técnico, tático, físico, mental, preventivo.

Em quadra, o mais importante é conseguir organizar um bom treino tático aliado à técnica. Como fazemos isso?

Muitos acham que treinar controle de forehand cruzado é treino, por exemplo. Esta é uma situação fechada, porém a bola é viva. Sem critério de avaliação, essa situação fica distante da realidade do jogo.

Por que não é real? Porque em um jogo, o tenista não bate várias bolas seguidas em uma mesma direção, em um espaço restrito da quadra. Mas podemos usar este mesmo treino com objetivos estabelecidos.

O treino pode ser técnico, com o objetivo de conseguir pegar a bola com o ponto de contato à frente, ou de melhorar o apoio quando correr para a direita e para o lado. Também será um treino técnico se houver um alvo a ser atingido pela bola. Estes treinos servem para correções ou para sedimentar algo que já foi ensinado.

Treinos táticos têm que ter tomada de decisão, fazendo com que o jogador aprenda a escolher a melhor opção para executar uma jogada ou um golpe. Assim, o treino da cruzada só será tático se houver alguma possibilidade de abrir o ponto. Um exemplo de treino tático a partir do controle de forehand cruzado é aquele em que o atleta tem a intenção de deslocar o outro jogador para fora da quadra de duplas para, em seguida, mudar a direção da bola. Isso exige uma tomada de decisão, e o jogador tem que escolher qual é a melhor opção a ser executada e o melhor momento para optar pela bola paralela, tentando um contra pé.

Estes treinos são os ideais por estarem muito próximos da realidade do jogo. A função do treino é criar possibilidades de o jogador entender como e quando ele vai escolher uma jogada.

Mas isso quer dizer que não terão mais treinos fechados? Sim, temos que fazer os dois! Mas entender que treinos fechados são em menor proporção e servem para correções técnicas ou ajustes, e que os treinos abertos constroem o jogador para que aprenda a tomar melhores decisões.

Como falei no início, o planejamento é a cereja no bolo. O técnico precisa ensinar ao atleta a entender o jogo, para que ele aprenda a escolher as melhores jogadas e a tomar as decisões corretas.

Para finalizar, é muito importante o técnico entender de tênis! O que significa isso? Ter uma visão holística do tênis, dominando todas as etapas e, principalmente, tendo a percepção das variáveis que o tênis impõe durante o processo.