Eubanks é a grande história deste Miami Open

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Por Raphael Favilla  •  29 de Março de 2023

A edição do Miami Open deste ano já está marcada por um nome, independentemente de qual seja o campeão no próximo domingo: Christopher Eubanks, número 119 do ranking, é um exemplo de perseverança e determinação para muitos tenistas que passam anos nos torneios Challenger e Futures, muitas vezes sem acreditar que é possível alçar voos mais altos.

Com 2,01m, Eubanks é o clássico jogador norte-americano de saque afiado e forehand ofensivo, com subidas mais frequentes à rede, mas devolução e jogo de fundo irregulares, o que o leva a muitos tiebreaks. Sua média em nível ATP é de 11 aces por jogo e 82% de games de serviço convertidos. Nenhum espanto, certo? Errado.

O norte-americano é a grande, e ótima, surpresa do Masters 1000 da Flórida. Aos 26 anos, o atleta da casa veio do quali avançando contra jogadores pouco conhecidos, mas superando rivais renomados na chave principal.

Pegou Denis Kudla para marcar sua primeira vitória em nível 1000. Depois eliminou Borna Coric, ainda que o croata esteja longe do que já foi. Nesta semana, passou pelos franceses Gregoire Barrere e Adrian Mannarino ganhando 3 de 4 tiebreaks   É importante lembrar que Barrere havia atropelado Cameron Norrie, enquanto o canhoto Mannarino superado o polonês Hubert Hurkacz. 

A vitória sobre Barrere foi emblemática. Colocará Eubanks, na próxima semana, pela primeira vez entre os top 100. E mais: o triunfo sobre Mannarino já lhe garantiu a 85a posição.

"Parece um sonho. Tenho que dizer para mim mesmo: 'Ei, estou aqui. Acredite'", contou Eubanks na zona mista de imprensa dentro do Hard Rock Stadium. "Estou jogando bem e vamos ver por quanto tempo podemos manter isso. Sempre soube que tinha jogo para competir contra os melhores do top 100, mas não sabia se teria consistência para vencer jogos suficientes para chegar lá. Mas como me vejo agora entrando no top 100? Nossa é uma loucura, é uma sensação muito estranha”, continuou Eubanks.

Com a grande semana em Miami, Eubanks vem recebendo uma grande quantidade de apoio de colegas no mundo do tênis, assim como de muitas pessoas fora dele. O cantor, ator e produtor de Hollywood Jamie Foxx já havia parabenizado Christopher nas redes sociais na noite de segunda-feira. Ontem, foi a vez da lenda do futebol americano Chad Johnson estar nas arquibancadas para apoiá-lo.

"É incrível, cara. É realmente muito legal. Conheço o Foxx há dois, três anos. Agora ele se tornou um amigo muito próximo, alguém que posso ligar se quiser conversar um pouco sobre a vida", contou Eubanks. "O Chad e eu entramos em contato pela primeira vez duas ou três semanas atrás. Ele postou um vídeo jogando tênis e eu comentei elogiando. Ele comentou de volta dizendo: 'Adoraria jogar com você'. Então eu imediatamente mandei uma mensagem dizendo: 'Vou estar no Miami Open. Se você quiser vir, posso conseguir uma credencial para você', relatou. "Ele é um fã de esportes, e adora assistir tênis. Ficou super animado por ter conhecido o Carlitos hoje, e o Tommy Paul outro dia. Foi muito legal para ele poder vir e eu receber esse apoio. Tem sido realmente muito legal".

Toda essa tietagem é novidade para Eubanks. Atleta de Georgia Tech de 2015 a 2017 no tênis universitário, desde que entrou no circuito profissional passou a maior parte do tempo entre 150-250 no ranking. Foram quatro anos ralando no circuito Challenger, com baixas premiações, falta de mordomias e pouco público.

“Ganhei uma bolsa de estudos e foi ótimo, disse que queria jogar profissionalmente, mas realmente não sabia se estava falando sério. Depois tive um bom verão e pensei que talvez pudesse cumprir este objetivo. Vejo tudo que está acontecendo comigo essa semana e até me parece estranho, está tudo sendo muito estranho, é como se de repente todas as coisas me viesse ao mesmo tempo”.

A experiência vivida em Miami é quase outra modalidade. Estrutura invejável, grandes arquibancadas, hotel pago pela organização, boa comida, transporte grátis e até suítes cedidas aos melhores tenistas. Não é (ou não era) um cenário comum para Eubanks. Mas o norte-americano garante manter os pés no chão, e destaca o foco no trabalho duro. “Nunca fui o melhor juvenil, nunca fui o melhor no meu estado, nunca fui o melhor do país ou algo assim. Eu apenas treinei muito e continuei trabalhando de qualquer jeito, esse era o meu lema”.

O conto de fadas de Eubanks ainda não acabou. Nesta quinta, o americano enfrenta o russo super favorito Daniil Medvedev, por uma vaga nas semifinais. Podemos esperar novos capítulos desta bela história em Miami?



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