Turim parou neste domingo. E desta vez não foi para acompanhar os lances da Juventus nem do Torino, como costume na região do Piemonte. Parou para assistir e reverenciar o alemão Alexander Zverev, o novo bicampeão do Finals, torneio que reúne os melhores tenistas da temporada, e que será disputado na quarta maior cidade da Itália até 2025.
Com um jogo bastante inteligente, usando da dificuldade do adversário, o atual número 3 do mundo não deu chances ao russo número 2 Daniil Medvedev. Em rápido duelo de 75 minutos, aplicou um duplo 6/4. Zverev já havia sido campeão do Finals em 2018. Com o bi, ele se iguala a nomes de peso do tênis profissional, como Bjorn Borg e Lleyton Hewitt. O recordista é Roger Federer, com 6, seguido por Novak Djokovic, Ivan Lendl e Pete Sampras, com 5.
Foi a sexta vitória do alemão contra o russo em 12 duelos. Ele vinha de cinco derrotas consecutivas contra Medvedev, incluindo um jogo duríssimo na fase classificatória cinco dias antes. A atuação perfeita no duelo, a primeira decisão do ATP Finals desde 2005 em que os dois finalistas tinham no máximo 25 anos, lhe confere o sexto troféu de uma notável temporada.
“Esta semana não poderia ter terminado melhor, mas estou feliz também por toda minha temporada e principalmente meu segundo semestre”, garantiu o campeão olímpico de Tóquio, que também faturou dois Masters 1000, em Madri e Cincinnati. Já são 19 títulos na carreira em 28 finais.
Ao derrotar os dois líderes do ranking nas rodadas decisivas, Sascha repete um feito raro no Finals. Apenas Ivan Lendl (1982), Stefan Edberg (1989) e Andre Agassi (1990) fizeram o mesmo. Campeão em 2020, o russo por sua vez estava invicto há nove partidas no Finals e tentava o segundo título seguido de forma invicta.
E o Slam?
Questionado se estaria cada vez mais perto de enfim ganhar seu primeiro Grand Slam, o alemão foi curto e brincalhão: “Sim, acho que sim. Por que não? Acho que escalei cada nível e só está faltando um. Espero que consiga no próximo ano”. Vale lembrar que Zverev decidiu o US Open do ano passado e chegou a sacar para o título contra Dominic Thiem.
Empolgado com a grande exibição de Zverev, o norte-americano Patrick McEnroe não teve problemas em fazer uma previsão otimista para o futuro do alemão. “Sinto que é inevitável que Zverev ganhe um Grand Slam. Ele está perto há anos e agora está batendo na porta”, afirmou o ex-tenista profissional para o New York Times. O amadurecimento do alemão é notório pela imprensa especializada, como também destacou o jornalista José Nilton Dalcim:
— É evidente que ainda falta um troféu de Grand Slam para Alexander Zverev entrar num outro patamar do tênis, porém o alemão encerrou com sucesso uma temporada de muito peso e de grande pressão extra-quadra. Deixou de ser o garoto reclamão e passou a encarar seus desafios, mostrou evolução técnica em vários campos e fez um trabalho físico que lhe deu maior resistência e agilidade, o que influíram na sua capacidade defensiva. Sascha está longe de ser um grande voleador, mas não tem mais medo de tentar a rede e adotou um segundo saque forçado que causa espanto. Sem dúvida, é muito mais jogador do que em 2018, porém seus dois títulos no ATP Finals tem um gabarito particularmente grande. No primeiro, venceu Roger Federer numa duríssima semifinal e dominou Djokovic no dia seguinte. Desta vez, derrotou os dois líderes do ranking em exibições de alta qualidade e firmeza, um feito bem raro num Finals e que não acontecia desde 1990.
Zverev pode se animar para o começo do ano seguinte. A conquista do ATP Finals diminuiu a desvantagem para Medvedev no ranking, ficando no momento a apenas 800 pontos do russo. Como defende bem menos que o rival em janeiro, o germânico tem boa chance de alcançar o número 2 pela primeira vez na carreira.
Além de garantir pela sétima vez na carreira o número 1 no final da temporada, batendo o recorde do norte-americano Pete Sampras, que havia repetido este mesmo feito seis vezes, o sérvio Novak Djokovic vai começar 2022 com enorme vantagem sobre os demais rivais. Ele tem no momento 2900 pontos de frente para o vice-líder Medvedev.
Djokovic começa a próxima temporada com 2665 pontos a defender e mesmo sem eles seguiria à frente de Medvedev, que no momento tem 8640. O russo também tem bastante a defender no início de 2022, quando serão descontados 1200 pontos do vice do Australian Open e mais 500 da ATP Cup.
Quem tem também muito a comemorar é o italiano Jannk Sinner. Mais jovem no ATP Finals deste ano, ele teve sua primeira oportunidade de competir no torneio entrando no lugar do compatriota Matteo Berrettini. Mesmo não conseguindo avançar para as semifinais, venceu em sua estreia na competição, batendo o polonês Hubert Hurkacz, e assim garantiu que terminará 2021 dentro do top 10.
Treinador do italiano, o experiente compatriota Riccardo Piatti comemorou a chance que teve seu pupilo. “Jannik estava nervoso porque, quando soube que Berrettini estava machucado, entendeu que tinha uma boa chance de jogar. Ele estava esperando até o final a decisão de Matteo, que mandou uma mensagem dizendo para se preparar para o jogo contra o Hurkacz e se divertir com essa experiência”, disse o técnico em entrevista ao site da ATP.
Muguruza volta aos holofotes
Campeã do WTA Finals na última quarta-feira, Garbiñe Muguruza terminou a temporada como número 3 do mundo. Essa é a segunda melhor marca da espanhola, que chegou a liderar o ranking por quatro semanas em 2017 e terminou aquele ano na vice-liderança do ranking. Na final, ela bateu a estoniana Anett Kontaveit por 6/3 e 7/5 em 1h38 de partida.
O título em Guadalajara foi o terceiro na temporada para Muguruza, que também venceu um WTA 1000 em Dubai e um 500 em Chicago. Ela ganhou duas posições em relação à marca que ocupava antes do Finals. Caminho inverso fez a tcheca Barbora Krejcikova, campeã de Roland Garros, que caiu do terceiro para o quinto lugar.
“Acho que foi uma temporada muito boa no geral. Deve ser o ano em que ganhei mais títulos e também fiz mais finais. Eu me senti muito estável comigo mesma. Tive alguns altos e baixos. Mas no geral, acho que esse foi o melhor ano para mim. Posso não ter vencido um Grand Slam, mas sinto profundamente que fui mais feliz e mais estável, menos dramática. Estou muito feliz por isso”, declarou a espanhola.
A primeira conquista de Muguruza em um Grand Slam foi ainda em 2016 no saibro de Roland Garros, e no ano seguinte ela também foi campeã de Wimbledon. Depois disso, havia vencido apenas mais três torneios até o fim do ano passado, tendo retomado uma sequência de bons resultados este ano.
“É verdade que nos últimos anos eu não joguei da mesma maneira que antes. Mas também não joguei um tênis ruim. Eu estava apenas aqui e ali, mas não chegava às rodadas finais dos Grand Slam, que fazem a diferença. Sempre achei que tinha um bom nível tênis, só tinha que mostrar isso. Essa é apenas mais uma prova de que eu acho que estou no melhor momento da minha carreira. A experiência que tenho agora, o tênis, e a maneira como eu lido comigo mesma são muito melhores do que antes”, completou.
A liderança do ranking WTA é da australiana Ashleigh Barty, que terminou a terceira temporada seguida como número 1 do mundo e acumula 103 semanas no topo do ranking. A vice-líder é a bielorrussa Aryna Sabalenka, enquanto a tcheca Karolina Pliskova aparece em quarto lugar.
O Finals de Guadalajara provocou mais três mudanças no top 10. A vice-campeã Anett Kontaveit subiu uma posição e fecha no sétimo lugar, a semifinalista Paula Badosa ultrapassou duas jogadoras e está na oitava colocação. Por outro lado, a tunisiana Ons Jabeur, que não disputou o torneio, perdeu três posições e agora ficou na décima posição.
Duplas
Uma das parcerias mais bem sucedidas dos últimos 20 anos de circuito, os franceses Pierre Herbert e Nicolas Mahut conquistaram neste domingo o segundo título no ATP Finals em três temporadas. Os campeões de 2019 superaram uma partida equilibrada diante do norte-americano Rajeev Ram e o britânico Joe Salisbury e marcaram as parciais de 6/4 e 7/6 (7-0 no tiebreak).
Os franceses disputaram o Finals pela sexta vez, sempre lado a lado. Aos 39 anos, Mahut atingiu o 35º título da carreira e o quinto da temporada, enquanto Herbert, de 30, chegou ao 22º. Como parceiros, eles já venceram 20 torneios, incluindo cinco de nível Grand Slam, incluindo Roland Garros deste ano.
No feminino, a melhor dupla na temporada fez valer o favoritismo. As tchecas Barbora Krejcikova e Katerina Siniakova coroaram o ano com o título do WTA Finals, vencendo a final contra a dupla formada pela belga Elise Mertens e a taiwanesa Su-Wei Hsieh por 6/3 e 6/4, em 1h18 de partida.
Foi o quinto título na temporada para Krejcikova e Siniakova, que também foram campeãs de Roland Garros, medalhistas de ouro nas Olimpíadas de Tóquio, além de conquistarem um WTA 500 em Melbourne e o WTA 1000 de Madri. Parceiras no circuito desde quando eram juvenis, as tchecas já têm 10 títulos juntas na WTA. Elas já haviam disputado outras duas edições do Finals, ficando com o vice em 2018.
Fotos: @garbimuguruza
@alexzverev123