Mais uma vez Nadal

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Por Raphael Favilla  •  05 de Junho de 2022

Apenas dois dias depois de completar 36 anos, Rafael Nadal voltou a conquistar mais um título em Roland Garros.

Neste domingo, Nadal confirmou o favoritismo e venceu inapelavelmente o norueguês Casper Ruud por 3 sets a 0, com parciais de 6-3, 6-3 e 6-0, em um confronto de quase três horas. Foi a 14ª vez que Rafa levantou o troféu em Paris. O espanhol ganhou todas as finais que já disputou no torneio, tendo conquistado até então os títulos de 2005 a 2008, de 2010 a 2014 e 2017 a 2020.

A vitória também coloca o Miúra como o maior vencedor de Slam, agora com 22 títulos. Ele é seguido pelo suíço Roger Federer e o sérvio Novak Djokovic, empatados com 20, e do ex-tenista norte-americano Pete Sampras, com 14.

Quarto mais jovem a vencer Roland Garros desde o começo da Era Aberta, Nadal é agora o mais velho a levantar a taça do torneio. Com o triunfo deste domingo, bateu a marca de Andres Gimeno, que se sagrou campeão em 1972 aos 34 anos e 10 meses.

Também se tornou o terceiro vencedor de Grand Slam mais velho da Era Aberta, atrás apenas de Ken Rosewall e de Roger Federer.

A vitória na final contra Ruud foi a 30ª do espanhol na temporada, e a 90ª em sets diretos no saibro parisiense, somando agora 112 triunfos na competição. Ao bater o norueguês, ele também manteve outra escrita, a de vencer todos os 74 oponentes diferentes que enfrentou em Roland Garros, uma vez que os dois únicos que o bateram no torneio, o sueco Robin Soderling e Novak Djokovic, também já foram superados por ele lá.

A campanha de Nadal até a conquista do título parecia fácil, mas encontrou adversários complicados pelo caminho. Na primeira rodada, Nadal venceu o australiano Jordan Thompson por 3 sets a 0 (triplo 6-2), ganhou do francês Corentin Moutet também por 3 a 0 (6-3/6-1/6-4). Não encontrou dificuldades na terceira rodada contra o holandês Botic van de Zandschulp e, novamente, aplicou 3 a 0 no adversário (6-3/6-2/6-4). Na quarta rodada, o espanhol teve mais trabalho, mas venceu o canadense Félix Auger-Aliassime por 3 sets a 2 (3-6/6-3/6-2/3-6/6-3).

Em uma final antecipada, Nadal enfrentou Djokovic nas quartas de final, e venceu o número 1 do mundo por 3 sets a 1 (6-2/4-6/6-2/7-6). Na semifinal, o espanhol ganhou o primeiro set de Zverev por 7-6. O segundo set estava empatado em 6 a 6 quando o alemão sofreu uma torção grave no tornozelo e precisou abandoar a partida, o que classificou Nadal para a final da competição.

O jogo

Nadal começou a partida com controle absoluto dos pontos. Nos dois primeiros games, Ruud sequer conseguiu ameaçar o espanhol que controlou os pontos tanto no próprio saque quanto no do norueguês para abrir 2/0 logo de cara.

Graças a duas duplas faltas de Rafa, Casper conseguiu devolver a quebra logo na sequência, mas seguiu errando demais e foi incapaz de empatar a partida. O espanhol conseguiu vencer o quarto game e manteve a vantagem que tinha. Bastou administrar a frente para garantir a vitória no primeiro set por 6/3.

Casper Ruud voltou mais agressivo para a segunda etapa. Ganhando os pontos mais rápidos, o norueguês tentou forçar mais os golpes para tirar Rafael Nadal do conforto e a estratégia deu certo no início, conseguindo uma quebra para abrir 3/1.

Mas Nadal manteve a tranquilidade e respondeu imediatamente, devolvendo para fazer 3/2, alongando os pontos e fazendo o adversário se defender e errar. O Touro Miúra mostrou repertório, variou os golpes e conseguiu a virada para fechar o set em 6/3, ficando a um set do 14º título em Paris.

Ao longo das 17 participações no grand slam de Paris, por 90 vezes Nadal abriu 2 sets a 0 sobre os rivais e nunca perdeu um jogo depois disso. O começo do terceiro set mostrou porquê. Rafa entrou firme no jogo, abriu 3/0 logo de cara, encaminhando o 14º título da carreira na capital francesa.

Casper Ruud sentiu o começo do terceiro período e praticamente se entregou em quadra. Sem conseguir achar respostas, o norueguês levou um pneu e assistiu ao título do adversário dentro de quadra.

Pós jogo

Ainda em quadra, Nadal discursou para a plateia. O campeão afirmou que já teria se aposentado se não tivesse o apoio de sua equipe. E garantiu que vai continuar a lutar, embora não saiba o que o futuro lhe reserva. Confira os principais trechos da entrevista:

Mensagem para Casper Ruud

— Primeiro de tudo, Casper, é um prazer jogar uma final contra você aqui em Roland Garros. Você é grande, tem construído uma grande carreira, especialmente nestas duas semanas. É um passo em frente importante para ti. Estou muito feliz por você, pela tua família. Desejo-lhe o melhor possível para o futuro.

Agradecimento à equipe

— Tenho de seguir com a minha equipe, família, todos os que estão ali. É completamente fantástico ver as coisas que estão a acontecer este ano. Não consigo agradecer o suficiente por tudo o que têm feito por mim. Sem vocês nada disto era possível. O momento difícil que atravessamos em termos de lesões, se não tivesse este apoio de todos, nada disto era possível porque já me teria me retirado.

Agradecimento ao torneio

— Obrigado a todos os que tornaram este evento possível. Para mim e para muitos que adoram a história deste esporte, é o maior torneio do Mundo. Obrigado a todos os que tornaram este torneio possível. Todos os boleiros, diretores do torneio, quem trabalha atrás dos holofotes. Foram todos incríveis. Me fazem sentir em casa e só posso agradecer muito a todos.

Futuro

— Para mim é muito difícil descrever os sentimentos que estou a sentir. Nunca acreditei estar aqui outra vez com 36 anos, a ser competitivo, a jogar mais uma final na quadra mais importante da minha carreira. Me dá muita energia para continuar a tentar. Quero só dizer muito obrigado a toda a gente. Não sei o que pode acontecer no futuro, mas vou continuar a lutar.

Lesão

Revelou que jogou o torneio com o pé anestesiado por conta das dores causadas pela Síndrome de Müller-Weiss.+ Leia mais sobre tênis

"Não tenho nenhuma sensação no meu pé. Tomei uma injeção no nervo, então o pé está dormente", disse o tenista.

Segundo ele, não há como continuar no tênis do jeito que as coisas estão no momento e "a vida cotidiana tem sido muito difícil". Ao longo das últimas semanas, Nadal falou diversas vezes sobre o problema com o qual ele convive ao longo de toda a carreira, mas que vem se agravando nos últimos anos.

Antes da decisão, o espanhol disse que abriria mão do título em Paris se pudesse "ter um pé novo". Perguntado sobre a quantidade de injeções que tomou durante as duas semanas de Roland Garros para poder jogar, o tenista se limitou a dizer que "é melhor vocês não quererem saber".


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