Matador de gigantes

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Por Raphael Favilla  •  11 de Março de 2018

A cada jogo, um novo momento histórico para o tênis de mesa brasileiro. Hugo Calderano está na final do Aberto do Catar. Na tarde deste sábado (10/3), o carioca bateu o chinês Lin Gaoyuan, número 4 do mundo, por 4 sets a 0, parciais de 11/9, 11/8, 11/4 e 11/6.

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A competição é uma etapa Platinum do Circuito Mundial, equivalente a um Grand Slam do tênis. O Aberto do Catar conta com nada menos do que 15 dos 16 melhores jogadores do mundo.

O brasileiro teve um sábado impecável. Horas antes, pelas quartas de final, venceu também por 4 a 0 o japonês Tomokazu Harimoto, número 12 do ranking. Na sexta já havia batido o alemão Timo Boll, atual líder do ranking mundial.

O triunfo do brasileiro diante de um dos melhores atletas do mundo e de uma potência como a China quebrou a web, e não apenas no Brasil. O feito, inédito para o país, também é importante no cenário latino-americano, já que a modalidade é dominada por asiáticos. Nas redes sociais, fãs da América do Sul, Estados Unidos e muitos japoneses e chineses se impressionaram com o desempenho do garoto de 21 anos, apelidado pela Federação Internacional de tênis de mesa de "matador de gigantes".

Seu adversário na final, que acontece neste domingo às 10h30 de Brasília é o chinês Fan Zhendong, número 2 do mundo, que bateu o compatriota Xu Xin por 4 a 1 na outra semifinal. Para muitos, se trata do melhor jogador do mundo e que só não está no topo do ranking por causa das mudanças no sistema de pontuação implementadas pela ITTF. O brasileiro também considera isso.

"Para mim ele é o melhor jogador da atualidade. Será um jogo muito difícil. Já joguei contra eles outras vezes, mas agora estou em um nível muito bom e espero conseguir fazer uma partida disputada contra ele", declarou o carioca.

É a primeira vez que Calderano alcança uma final individual de Grand Slam. O resultado colocará o brasileiro pela primeira vez no top 10 do ranking mundial.

“Estou realmente feliz, muito feliz por alcançar a final. Eu penso que as horas de treino e as dores te levam ao nivel mais alto. Agora eu tenho de manter o foco e não me acomodar” disse Hugo à ITTF TV, depois da partida.

O JOGO

Virou rotina ver Calderano atacando os rivais com ímpeto no início dos sets. Ele abriu o jogo com 5 a 0 sobre Gaoyuan, que até equilibrou o duelo e salvou quatro game points, mas não conseguiu evitar que o Brasil começasse em vantagem: 11 a 9.

Na segunda parcial, quem começou em vantagem foi Gaoyuan, que chegou a fazer 4 a 1, mas Calderano não deu descanso ao rival. Empatou a partida e conseguiu a virada quando estava 8 a 8. Foram três pontos espetaculares após boas trocas de bola para fechar o set em 11 a 8.

O terceiro set foi marcado por erros não forçados de Gaoyuan, visivelmente pressionado pelo placar e pela atuação soberba do brasileiro. O resultado foi uma parcial absolutamente folgada, fechada em 11 a 3.

O panorama não mudou na parcial derradeira, com Calderano sempre em vantagem no marcador. Um lindo golpe cruzado na diagonal selou a vitória histórica, com 11 a 6 no set e 4 a 0 no placar final.

Veja a evolução de Hugo Calderano feita pelo Blog Brasil em Tóquio:

- Em 2011, com apenas 15 anos, derrotou Hugo Hoyama, maior campeão da história das Américas, pela primeira vez.

- Em 2013, Hugo Calderano venceu o aberto do Brasil e, com 17 anos, se tornou o mais jovem a ser campeão de uma etapa do Circuito.

- Em 2014, conquistou o bronze nos Jogos Olímpicos da Juventude, levando na época, a medalha mais relevante da história do país no tênis de mesa.

- Em 2015, foi campeão dos Jogos Pan-Americanos, quebrando um jejum de 20 anos do Brasil. Aliás, se tornou o primeiro não chinês em vinte anos a ser campeão do Pan. Também em 2015, foi prata em duplas na Série Super do Kuwait, melhor resultado da história do país em uma competição deste nível.

- Ainda em 2015, foi indicado pela Federação Internacional de tênis de mesa ao prêmio de revelação da temporada. Foi o primeiro brasileiro a conseguir o feito.

- Em 2016, foi nono colocado na Olimpíada, melhor resultado da história do país, igualando Hugo Hoyama em 1996.

- Em 2017, entrou pela primeira vez no top 20 do ranking mundial.

- Em 2018 alcançou o 15º lugar no ranking mundial (atual posição), bateu o número 1 do mundo e deve subir ainda mais no ranking na próxima lista.

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