Meu primeiro jogo contra Rod Laver no US Open

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Por Nittenis News  •  13 de Agosto de 2021



Ainda na ressaca da Olimpíada… quantos ensinamentos ela nos trouxe, e talvez o mais importante tenha sido dado pela ginasta norte-americana Simone Biles.


O desabafo dela ecoou por todo mundo esportivo. Qual atleta não entendeu o que ela estava falando sobre as pressões que o esportista sente ao ter de provar "n" vezes sua supremacia sendo muitas vezes frágil e avesso à superexposição a que é submetido, não tendo nenhuma privacidade no dia a dia?


Aí dizem, ah mas ele(a) ganha muito dinheiro e isso faz parte do pacote, o que leva a discussão a lugar nenhum.


Eu comecei a curtir a Olimpíada com o skate. A camaradagem ou a “brotheragem", como eles falam, é tão autentica, muito acima da competição. Eles(as) pareciam curtir as evoluções dos outros, lembrando um pouco - não muito - quando comecei a viajar para o exterior e nossa preocupação maior era agradar o publico e tornar o tênis mais aceito e curtido pela mídia e principalmente pelos espectadores.


Teria ainda muito a falar sobre o que a Olimpíada me ensinou, mas o assunto aqui é tênis e jogos marcantes.


Quando joguei contra Rod Laver na primeira rodada do Aberto dos Estados Unidos, em Nova York, acho que foi em 1970, num dia lindo de sol no estádio de Forest Hills, arquibancada cheia para assistir ao melhor do mundo dar uma demonstração da sua força e do seu potencial que o levaram a ganhar por duas vezes os quatro torneios de Grand Slam num mesmo ano, feito que até hoje não se repetiu. Talvez o Djokovic consiga finalmente essa façanha se vencer o próximo torneio de Grand Slam no final do mês, em Nova York.


Bem, então tudo preparado, inclusive eu que teria o privilégio de testar o tênis desse monstro, que já tinha ganhado praticamente tudo nas quadras.


Começou o jogo, televisão aberta, quadra de grama e eu consigo vencer o primeiro set por 6-4. Tudo bem, em jogos melhor de cinco sets, perder o primeiro set não é tão grave, não é hora de disparar o alarme.


Começa o segundo set e as condições continuam a meu favor e eu consigo vencer o segundo set também com uma quebra de saque, a exemplo do primeiro set e com o mesmo placar de 6-4.


Aí começa um reviravolta nos entornos. Quem estava fora do estádio tentando entrar de qualquer maneira, porém quem estava dentro não queria perder esse show. Alarme ligado!!!


A direção do torneio já preocupada com a possibilidade de perder o número um do tênis no seu torneio…


Começa o terceiro set e a tensão aumentando até o momento de Laver quebrar meu saque no final do set por 6-4, levando o jogo ao quarto set, que poderia ser definitivo. Mas novamente Laver consegue quebrar meu saque sendo superior e fazendo algumas bolas mágicas com a confiança em alta. Ele era o único tenista que conseguia dar topspin de revés!


O quinto set foi um espelho do quarto, quando ele foi melhor e aproveitou as poucas chances de quebrar novamente meu saque quase no final do set. Resultado: Laver 4-6, 4-6, 6-4, 6-4 e 6-4!

Depois do jogo, fui entrevistado pelo Jack Kramer, comentarista do jogo na televisão. Ele comentou que eu deveria estar muito chateado por ter chegado tão perto de vencer aquele que era considerado o melhor de todos os tempos (naquela época, é claro), num jogo que estava mais para mim…


E eu, super eufórico por ter jogado um tênis de primeiríssima, falei que me sentia muito honrado de ter jogado com Laver, assim mesmo, com Laver e não contra o Laver, e de ter proporcionado um jogo de tênis de primeira.


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