Por Thomaz Koch

Mais uma vez falharam a ITF e os dirigentes desse torneio de Grand Slam.

Faltou humanidade e feeling em relação ao fenômeno atual Naomi Osaka. Acharam melhor tripudiar de uma tenista num momento claro de vulnerabilidade sem dar a menor chance de dialogo ou entendimento depois dela ter aceitado os termos deles de multá-la, por não se colocar na mira da imprensa após os jogos.

Pois é, espero que ela volte ao circuito mais forte mentalmente, mas sinto a possibilidade de vermos mais uma tenista fritada pelos mandantes do tênis sem noção de amparo aos problemas mentais, que só se agravam com a tensão alucinante dos jogos dentro e fora da quadra.

A noção é: ahh! ela ganha 50 milhões de dólares então podemos exigir dela o que quisermos.

É tradição dos dirigentes acharem que estão lidando com máquinas, esquecendo que os tenistas são seres humanos frágeis como qualquer pessoa.

A franqueza de uma tenista, que teve a coragem de colocar publicamente seus problemas, merece ser ressaltada. Imaginem como deve ter sido difícil para ela externar essa sua dificuldade intima.

A história se repete. Vejam o caso do Borg, gênio que encerrou sua excepcional carreira aos 26 anos por se recusar a jogar um numero mínimo de torneios por ano que era de 18, se não me engano, quando ele se dispunha a jogar 10 ou 12.

Queimaram o Borg que fez tanto bem pelo tênis. O interesse por este esporte de raquete antes dele era restrito aos tenistas e com ele o tênis globalizou, não havia quem não seguisse o sueco e seus jogos ao vivo ou na televisão!

Foi a revolução no tênis, todos vendo e seguindo os jogos dele, foi a grande virada do tênis. A grande rivalidade entre Bjorn Borg e John Mc Enroe foi pro espaço e deixou o norte-americano órfão na quadra e sem ânimo para continuar por um tempo.

Outra fritada pelos dirigentes, que usavam os tenistas como marionetes do circuito, foi a Jennifer Capriati que chegou as semifinais de Grand Slam com 13 anos e depois foi massacrada pela mídia .

Mc Enroe chegou às semifinais de Wimbledon vindo do qualify com 17 anos, sendo literalmente jogado aos tubarões. A saída para ele foi voltar para a Universidade e tentar levar uma vida comum no campus da Universidade para ter estrutura e voltar ao circuito um ano depois.

Yannick Noah depois que venceu Roland Garros teve de sair de Paris e foi morar em Nova York, no Greenwich Village por um tempo até que o assédio de todos os lados diminuísse.

Becker teve problemas íntimos depois de vencer Wimbledon. Outros tenistas caíram fora do circuito por não se conformarem com a rigidez dos costumes e da “tradição tenística”.

Pois é, não fizeram nada a respeito em todos esses anos e é provável que tudo continue igual a despeito do alarma ter soado mais uma vez.