Narck Rodrigues e o boom do Beach Tennis no Brasil

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Por Raphael Favilla  •  03 de Agosto de 2022

O beach tennis é uma febre que não para de crescer no Brasil. Criado no final da década de 80, na província de Ravennana, na Itália, o esporte começou a se profissionalizar em 1996. Tendo suas regras e práticas passadas por modificações ao longo dos anos, atualmente a modalidade é praticada por quase um milhão de pessoas espalhadas pelo mundo, independentemente de sexo e idade. Os dados estão disponibilizados no portal da ITF, que também apontam que hoje o Brasil é a segunda maior força do mundo neste esporte, atrás apenas da Itália, o país criador da modalidade.

Para se ter uma ideia de como a modalidade pegou pelo país afora, acontece nesta semana, em Alagoas, o maior evento de beach tennis do mundo. Recordista em inscritos e com estrutura de festival, o Macena Open de Beach Tennis será disputado na Praia do Francês, entre os dias 3 e 7 de agosto. A competição atingiu o recorde mundial de inscritos em uma competição de BT. São 1.680 atletas confirmados, totalizando 2.640 inscrições juntamente aos amantes amadores do esporte.
Digno de um festival de música internacional, o espaço terá impressionantes 27.561,00m² e contará com 40 quadras, que vão receber jogadores de diversos cantos do mundo, como Chile, Paraguai, Espanha, Itália, França, Letônia, Aruba, Venezuela, e claro, Brasil.


Atualmente espalhado por todo o território nacional, a modalidade chegou ao Brasil em 2008 no estado do Rio de Janeiro. Foi ainda no final daquele ano que Narck Rodrigues teve seu primeiro contato com o beach tennis.

"Fiquei sabendo que o Cleidson Lima, Egberto Caldas, Guilherme Prata, enfim, muita gente da minha época, já estava praticando. Eu pensei 'poxa, nem me chamaram!'. Aí comecei a jogar e me apaixonei. Jogava todo dia. Como eu já estava habituado com o manejo da raquete da época do Tênis, foi fácil pegar o jeito", relembra Narck, que na juventude foi tenista profissional por três anos, chegando a ser o número 473 no ranking da ATP.

Narck lembra que os tenistas de sua geração sofreram muito com o plano econômico do governo Collor, que tirou o dinheiro de ciculação. Naquela época, os jovens que entravam no circuito profissional conseguiam ganhar pontos para subir no ranking jogando no Brasil. "Tínhamos mais de 30 torneios aqui. Ficávamos semanas fora de casa, viajando pelo interior de São Paulo, pelo Sul do país", contou.

Com a diminuição do número de torneios, os tenistas que não tinham patrocínio para viajar para fora não conseguiram se manter e seguir competindo. Narck foi um desses, que acabou optando por largar o tênis profissional com 21 anos e voltar para a faculdade.

"Tudo o que construí na carreira devo ao Tênis. Mas sabemos que não é um esporte fácil de praticar. Demora um tempo para você começar a jogar e se divertir. Até lá, você fica mais tempo catando bola do que qualquer outra coisa. No beach tennis o tempo de evolução é infinitamente mais curto, mais rápido. As pessoas muitas vezes não estão afim de pagar seis, oitos meses de aula para aprender a jogar. Preferem migrar para o beach tennis, onde a facilidade de execução é mais simples, e já se pode começar a jogar razoavelmente bem em um mês. Fora o ambiente, mais descontraído. Isso contribuiu para o boom da atividade no país. A pandemia também impulsionou, já que muita gente procurava uma atividade segura, ao ar livre, com distanciamento. Por isso vemos o beach tennis, que antes era restrito às cidades litorâneas, invadindo o interior do Brasil, sendo consumido por praticantes de todas as faixas etárias e econômicas. Em algumas federações, o número de filiados de beach tennis já supera o de tenistas", disse Narck, que hoje, além de comentarista nos canais SporTV, comanda uma academia para a prática da modalidade na Barra da Tijuca (RJ).

Jogador e estudioso do Beach Tennis, Narck foi treinador da seleção brasileira na modalidade. Sobre a nova empreitada, contou que quer dar espaço e oferecer cursos para a formação de novos técnicos no esporte.

"Percebendo uma demanda cada vez maior pelo público interessado em praticar o beach tennis, montamos um espaço com estrutura que na areia da praia não é possível ter, com conforto, limpeza, segurança, organização. Naquela região, os condomínios da Barra e Recreio dos Bandeirantes oferecem dezenas de opções de quadras de tênis, mas pouquíssimas de areia. Na nossa academia são 13 quadras de areia. A gente quer receber torneios de médio a grande porte. Oferecer também nesse espaço um centro de treinamento para capacitação de treinadores interessados em se especializar na modalidade", finalizou.


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