Nittenis 20 anos Flashback: Copeba , os caras , os cafonas e os anti-heróis

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Por Domingos Venâncio  •  27 de Maio de 2019

HERÓIS E ANTI-HERÓIS: Alguém, em algum tempo, disse: “ TODOS os meus amigos são bem sucedidos! Em TODAS as áreas! Profissional, pessoal, sexual e financeira... TODOS bem sucedidos! Aliás, nem sei como podem ser meus amigos...".

 

SELF-TROCÍNIO: Tenho observado um fenômeno muito louco (e até divertido) por parte de alguns jogadores , técnicos e professores de tênis. A compra de material de uma determinada grife ou marca, de forma quase exclusiva, com a intenção de fazer parecer que há alguma relação de apoio ou patrocínio entre essa marca e esse tenista/professor. Aparecem nos clubes e academias abarrotados de novos produtos, dizendo convictos: ”Os caras me mandaram isso...” ou "Os caras me deram aquilo...” sem nunca haver um nome específico de qualquer representante da marca em questão. É como se a aquisição de um patrocínio conferisse um carimbo de qualidade a este cidadão... algo indispensável! Nonsense!! O normal seria uma ação contrária. Não havendo o apoio, não divulga-se a marca. Alguns profissionais usam a raquete pintada de preto, ou de outra cor, quando não há acordo financeiro para uso de uma marca ou modelo que lhe agrade, ou quando estão em transição contratual. Outros, simplesmente não pintam a logomarca nas cordas. Como exemplo, recentemente, meu parceiro e sócio na N1/T3, Ralff “El Loco“ Abreu tentava (à época), por razões contratuais (como citado acima), sem sucesso, comprar uma bolsa sem marca, para uso em torneios de beach tennis. Tarefa dificílima! (por incrível que pareça...). Claro, um profissional de sucesso costuma despertar o interesse de patrocinadores, e, quando patrocinado, tem que dar o seu máximo em prol da divulgação da marca, e principalmente, retorno financeiro à mesma. Em alguns casos, o jogador divulga sua própria marca, como por exemplo, Venus Williams. Ou como faziam Luis Mattar, cuja família detinha os direitos da marca Lacoste no Brasil; Boris Becker, que foi dono da Volkl, empresa que sempre fabricou suas raquetes, mudando o nome (Puma, Estusa ) conforme o interesse financeiro; Ivan Lendl, detentor da patente de sua raquete, que foi comercializada como Kneissl, Mizuno, Adidas; e tantos outros exemplos. O que os “pseudo- patrocinados” não entendem é que estão entregando “de bandeja” um trabalho e imagem de grande valor financeiro, apenas por vaidade , “mitomania” ou pura oligofrenia.

 

Na completa contramão dessa história de patrocínios, marcas e grifes, vão aí algumas historinhas... por vezes, o anti-herói é que é o barato!

 

COPEBA : Meu saudoso e querido Tio Rosélio (Copeba) Vasconsellos Torres dizia: “A moda vai e vem... sempre tem alguma peça de roupa minha que está totalmente na moda, enquanto todo o resto está super cafona...". Figura humana espetacular, irmão de senador, Tio Copeba era o mais simples dos mortais, vestia-se de forma igualmente simples, com o mesmo estilo de roupas, SEMPRE! Seu apelido vem do fato de ter trabalhado por muitos anos para a extinta Companhia de Petróleo do Brasil (COPEBA). Hoje, percebo que ele estava certíssimo quanto à moda... sabia TUDO, Tio Copeba!

 

CEMA e CIÇA : Anos 30 ou 40... Minha mãe e minha tia, Iracema e Iraci, gêmeas, 12ª e 13ª de 14 irmãos, no inicio do ano letivo, por falta de grana, algumas vezes tiveram que dividir um único par de sapatos na escola, até que se pudesse adquirir um segundo par. Não se fazendo de rogadas, faziam um curativo “fake” em um pé, no qual usavam uma sandália “baratinha”, e um dos sapatos no outro pé... na maior “cara dura”! E a sandália “baratinha”, quem diria... virou “chic” no mundo inteiro! Ó o Copeba aí!!

 

DURINDANA FASHION (Cema e Ciça II, o Retorno) : Anos 70... As cores e os tecidos elásticos chegam ao tênis, até então, o “esporte branco”... os três irmãos Venancio não aguentam mais os shorts Procópio de tergal, mas a grana era curta... Cema entra em ação, compra um short Olympia e um Fred Perry (ambos importados), e entrega à Ciça, que copia e costura os shorts em diversas cores, bolsos em cor diferente do short, com um tecido elástico... camisas e camisetas (também “baratinhas”) compradas às caixas, no Saara (Rua da Alfandega, centro do Rio), com o nome VENANCIO impresso tanto nos shorts como nas camisas... FASHION TOTAL! A preço de banana! E as camisas e camisetas “baratinhas” do Saara (guess what?!) também viriam a se tornar roupa de grife....

 

CAFONA : Anos 80, 90, etc... OK! Sempre fui meio cafona! Cabelão e costeletas, mullet, bandanas, pulseiras, brincos, colares, calça de moleton enfiada nas meias, tamancos de madeira (os Clogs, hoje substituídos pelos Crocks de borracha, parentes mais próximos), moedas e montes de esparadrapo nas raquetes. Apesar disso, sempre tive (e ainda tenho) considerável apoio de patrocinadores de roupas, calçados e raquetes, e sempre soube valorizar e fazer valer esse apoio. A esses patrocinadores, atuais ou de outros carnavais, meu grande abraço e muito obrigado... afinal, são verdadeiramente... OS CARAS!!


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