Nittenis 20 anos Flashback: Lawn Tennis

Início    /    Domingos Venâncio    /    Nittenis 20 anos Flashback: Lawn Tennis
Por Domingos Venâncio  •  28 de Setembro de 2019


Nadal, Federer, Borg, Becker, Laver, Maria Esther, Martina, Evert, Sampras, Billie Jean, Williams…?


Não! Wimbledon com suas tradições, arquitetura e atmosfera, não me reporta primeiramente a seus grandes campeões, mas sim à minha infância e adolescência, no Rio Cricket & Athletic Association, em Niterói, sede da primeira quadra de tênis da América do Sul (Duvida?!?. Está na Barsa!!!).


Clube britânico, tradicional, fundado em 1872 (dois anos mais antigo do que o próprio tênis!), com sua construção em madeira, seus jardins e grama (quanta grama!).


Pois é... A mudança do pequeno “apê” da Avenida Sete para a casa do Pé Pequeno (até os dias de hoje, Q.G. e porto seguro dos Venancio), não foi suficiente para aplacar a fúria e alopração daqueles que, pouco depois, já no Rio Cricket, seriam conhecidos como “3 Porquinhos”, promovidos a “Irmãos Metralha”, e, finalmente, “3 Mosqueteiros”, com Sérgio Nunes no papel de “Dartag`nan” (posto que seria assumido anos depois por nosso querido Átila Santos, mas essa é outra estória).


O Rio Cricket foi nosso lar e local onde iniciamos um aprendizado de vida esportiva e social (nesta ordem).


O futebol, onde, além de jogar no infantil, assistimos, sentados atrás do gol, a Seleção da Escócia jogar contra nossos ídolos do 1o. Time (Carrique, Almir, Kenny, Michael, Nelio, Osvaldo, os gêmeos Ronaldo e Ricardo Cortes, etc.) revelou jogadores do porte do “grande” Leonardo “Ratinho” (do Flamengo, São Paulo, Kashima, Seleção e Milan), Dico (hoje, professor de tênis), que, já no América, teve sua carreira encurtada por lesões no joelho, e outros.


A sinuca (snooker), onde campeões britânicos apareciam, vez por outra, para jogar em sepulcral silêncio, com os associados mais tradicionais.


A piscina, maior de todas as diversões de um grupo de pré-adolescentes, com suas brincadeiras de semi-delinquência, ao som dos Secos e Molhados.


O rugby, o mini-golf, o badminton, o bar do Walter, Ginger e Alfredo, o bridge das elegantes senhoras, e, “of course”, o cricket ... .


Até que, em 10 de janeiro de 1973, por sugestão do grego Panayotis Cristoforum, o Cris, os três Venancio, junto com Sylvio Bastos e Sergio Nunes, têm sua primeira aula de tênis com a professora Ângela Moura, que se despedia de uma bem-sucedida carreira como jogadora, e que também dava ali (onde já lecionava o competente alemão Wolfgang Roth, o Wolf), a sua primeira aula de tênis. Nós três irmãos compartilhávamos uma única raquete Procópio Jr, alternando a vez de uso, o que não foi empecilho para o sucesso da aula (quatro dos cinco alunos vieram a ter no tênis, de uma forma ou de outra, a sua profissão). Depois desse dia, muitas Procópios, Bohrers, Sulinas, Metalplas, Maxplys e Jack Kramers se passaram, bem como os treinos, rankings, a Copa Alan Taylor (criação do Dr. Edgard), e toda nossa energia começava a ser canalizada.


Ali, no Rio Cricket, nos apaixonamos pelo tênis, para sempre!


Contei essas passagens para Barry Mills, filho do tradicional (redundância) (ex) diretor do torneio de Wimbledon, Alan Mills. Barry, meu “team mate” no Schreiner, Texas, respondeu que achava esse papo de tradição “um saco”. Pode ser que ele esteja certo, mas quando vejo as transformações sofridas pelo Rio Cricket, percebo que (para mim) grande parte do “charme” se foi.


Quando assisto aos torneios de Queens, Nottingham e Wimbledon, me emociono, e, num fenômeno extra-sensorial, sinto o cheiro de grama e madeira exalando pela minha TV.


God Save the Queen!!! (e Wimbledon... e as roupas Fred Perry… e os morangos.. a champagne... e o Ginger Ale... e as canecas de Guiness... e... e... e...).

Publicidade