Rio Open: bastidores do top David Ferrer, por Sylvio Bastos

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Por Sylvio Bastos  •  20 de Fevereiro de 2017

Logo no primeiro dia de Rio Open, uma conversa muito boa com David Ferrer. Normalmente, o espanhol não se estende muito nas respostas, acaba falando o tradicional e previsível, mas dessa vez ficou bem solto e o papo rendeu.

Comecei falando de tênis, da parte técnica e tática, das adaptações que vem tendo que fazer em função da idade. Ele gostou do assunto, assim que percebeu que eu sabia de tênis para falar um pouco mais profundo do que o normal das entrevistas. Uma das mudanças de 2016 foi a troca de raquetes, para ganhar mais velocidade e aceleração nos golpes, principalmente no saque e na direita. Já dá para perceber que a direita está com uma preparação mais curta, também para gerar mais velocidade. Todas essas mudanças são adaptações buscando encontrar um equilíbrio na forma de jogar, já que o físico não é mais o mesmo, os pontos já não podem ser jogados de maneira tão longa, consequentemente é preciso ter mais velocidade para se finalizar de maneira mais rápida.

Todas essas mudanças parecem estar mexendo com a cabeça do espanhol, afetando diretamente na confiança. Ficou muito claro nessa conversa que ele está bem incomodado com toda essa situação, mas ao mesmo tempo muito motivado. “Toda essa situação é muito nova, perder mais jogos que ganhar nunca fez parte dos meus planos, não estou acostumando com isso e não gosto.”

Falamos também da comparação de talento e trabalho, falando de alguns jogadores. É claro que Federer foi o assunto, depois do título da Austrália: “Posso até ter a mesma idade e vontade que ele, mas não tenho seu talento, por isso fica muito difícil projetar resultados, mas enquanto me sentir motivado, sigo meu caminho dentro da quadra.”

A conversa foi muito tranquila e, principalmente, sincera e verdadeira. Ficou a certeza que, hoje, David Ferrer é um jogador muito mais consciente das suas limitações, sabe muito bem que não tem recursos para fazer qualquer coisa dentro de uma quadra de tênis, não pode, por exemplo, ficar em cima da linha pegando a bola na subida como Federer, nem pode sacar o jogo todo acima de 200 km por hora como Raonic. Pode, sim, trabalhar diariamente para se sustentar nos pontos e diminuir os ângulos da quadra, além de muita vontade durante todos os jogos, e é exatamente isso que vamos ver no Rio Open esse ano.

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