Tênis para um futuro melhor

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Por Diego Werneck  •  01 de Novembro de 2019

Uma quadra poliesportiva em uma escola pública, uma enxuta equipe e alguns poucos mas importantes apoiadores. Somada à disposição e ao sonho de transformar as vidas de crianças em situação de vulnerabilidade social, essa foi a receita de Adriany Carvalho, profissional de educação física que atua com aulas de tênis na região de Alphaville e Tamboré, na Grande São Paulo, para realizar um trabalho de destaque nessa carente região paulistana.


Responsável técnico da Tennis Coach Alphaville, Adriany é o idealizador do projeto Raquetes Para a Vida, que oferece aulas regulares semanais para cerca de 120 crianças entre seis e 10 anos de idade na Escola Municipal Aurélio Gianini Teixeira, em Santana de Parnaíba, região metropolitana da maior cidade brasileira. Mesmo tendo apenas uma quadra poliesportiva, que teve de adaptar para o tênis, em pouco tempo suas aulas e de sua equipe vêm conquistando os alunos e profissionais da escola e mudando a dura realidade local para essas crianças e familiares.


O trabalho tem como objetivo democratizar o acesso ao tênis, levando os valores da modalidade e dando oportunidade a pessoas que talvez jamais pisassem em uma quadra de tênis se desenvolverem por meio do esporte. Em outras palavras, o projeto proporciona às crianças carentes acesso à prática do tênis, desenvolvendo habilidades motoras e psicossocial, ocupando o tempo das crianças com atividades esportivas e as ajudando, assim, a se inserirem socialmente.


"O projeto do professor Adriany têm contribuído muito para os alunos, pois há necessidade do cumprimento de regras e normas, respeito para com o próximo, senso de equipe, disciplina, limites, entre outros, o que melhora o comportamento dos alunos no ambiente escolar, passando a se respeitarem mutuamente”, afirmou Rita Albuquerque, diretora da escola, que projeta novas metas já para 2020: "Espera-se que para o próximo ano letivo todos os alunos do Fundamental I possam ser atendidos, pois é uma oportunidade única para nossos alunos. E que sejam descobertos novos talentos, e o Projeto Raquetes Para a Vida possa direciona-los ao profissionalismo”, finalizou.


Um dos bons exemplos da verdadeira transformação que as aulas de tênis causaram por lá é a estudante do terceiro ano do ensino fundamental, Emily Dias Gonçalves, de 9 anos: “Minha filha nunca tinha tido contato algum com o tênis e ficou encantada desde o primeiro momento. A escola é carente de atividades extra classe, e o tênis veio pra reforçar e dar significado à educação aqui. A Emilly comenta o tempo todo sobre o tênis e nem quer faltar mais à escola, principalmente nos dias de tênis. O tênis trouxe mais disposição física pra Emilly, ela fala até em competir. As aulas que ela mais ama são educação física e tênis”, revela Fernanda Dias, mãe de Emily e também professora.


 História de dificuldades e superação


Hoje coordenando uma equipe - ainda que pequena, de dois professores - e contando até com uma grande visibilidade de seu trabalho nas redes sociais (a Tennis Coach Alphaville tem mais de 170 mil seguidores no Instagram), não é tão óbvio ou fácil imaginar os percalços que Adriany teve de superar. Filho de retirantes nordestinos, começou a pegar bolas aos 10 anos de idade em uma quadra ao lado da sua casa ao receber um convite de um colega de classe que tinha melhor condição financeira. Ali ele se motivou a começar a trabalhar: "Fui pegar bolas para o Antônio Higashi (o Toninho), pai do renomado árbitro de tênis Getúlio Higashi, que então tinha apenas 5 anos de idade. Ele foi meu ídolo como professor e maior incentivador. Tanto que aos 12 me demitiu e me indicou para um clube maior, onde eu poderia me desenvolver melhor no tênis”, afirmou.


Sendo de família muito humilde, Adriany sempre quis dar aulas de tênis pois via as condições que  seu mentor proporcionava aos filhos dando aulas. "E sobretudo a liderança que ele exercia e o amor que os alunos tinham por ele”, confidencia. Na busca por evoluir no tênis, teve a oportunidade de ser um tenista juvenil de alto rendimento e, dessa forma, conhecer 11 países, quase todas capitais do Brasil e, em especial, conquistar uma bolsa de estudos para cursar Educação Física. "No início, porém, dormi em muitas rodoviárias, vestiários de clubes e academias, casas de pessoas que me acolhiam. Nessa trajetória, inúmeras pessoas fizeram diferença na minha vida. Hoje estou podendo retornar o tanto que recebi, contribuindo de forma efetiva com o desenvolvimento da sociedade e fomentando essa inclusão pelo esporte”, finalizou Adriany.


O Raquetes Para a Vida conta com dois patrocinadores (Diase Construtora e Trumph) e o apoio das fornecedoras Head Brasil e Fila. Para conhecer mais o trabalho desenvolvido pelo projeto, siga @raquetesparaavida no Instagram.


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