Uma estrela cada vez mais brilhante

Início    /    Grand Slam    /    Uma estrela cada vez mais brilhante
Por Raphael Favilla  •  11 de Setembro de 2022

Na mesma quadra em que a maior estrela do tênis se aposentou há pouco mais de uma semana, uma nova fez seu brilho reluzir mais intensamente neste sábado (10). Uma luz que, parece, nem tão cedo vai deixar de se manter viva e no topo.

Iga Swiatek é a grande campeã do US Open. A polonesa, número um do ranking mundial com apenas 21 anos, garantiu em Nova York seu segundo Grand Slam da temporada e a bolada de US$ 2,6 milhões em premiação.

A tenista coroou a excelente temporada com vitória por 2 sets a 0, parciais de 6/2, 7/6, sobre a tunisiana Ons Jabeur, quinta colocada no ranking da WTA, que não conseguiu encaixar seu jogo e cometeu muitos erros não forçados.

Foi apenas o quinto confronto entre elas, e estava equilibrado, com duas vitórias para cada lado até o início da tarde deste sábado, apesar de Swiatek já ter vencido Jabeur na final em Roma em maio deste ano.

"No começo da temporada, eu achei que poderia me dar bem na quadra sintética e já fui semi da Austrália. Mas não sabia se já tinha condições de ganhar um Slam, especialmente o US Open, em que a superfície é tão veloz. Não esperava esse título, isso é certo, mas para mim é a confirmação de que o céu é o meu limite. Estou orgulhosa do que fiz mas também um pouco surpresa", contou Iga, sobre seu primeiro Slam fora do saibro.

Este foi o sétimo título de uma temporada notável de Swiatek. Ela chegou a ficar 37 jogos invicta, no período em que conquistou os WTA 1000 de Doha, Indian Wells, Miami e Roma, além do WTA 500 de Stuttgart e também Roland Garros. Em sua 11ª final da carreira, ergueu o 10º troféu no circuito.

"Ainda tenho muito a evoluir. Me sinto hoje com mais soluções e opções em quadra do que tinha antes, estou usando minhas habilidades muito bem", disse Iga, mesmo dominando o circuito feminino com sobra. Na atualização do ranking nesta segunda, a polonesa terá o dobro de pontos sobre a própria Jabeur, que aparecerá no segundo posto, antes ocupado pela estoniana Anett Kontaveit.

Sobre a final diante de Ons Jabeur, a polonesa achou que jogou bem. "Estou muito orgulhosa de mim mesma porque não foi um jogo fácil, apesar de eu ter dominado no começo. Foi o melhor início de partida que tive aqui. Sabia que ia ser apertado e que Ons aproveitaria qualquer erro que eu fizesse. O segundo set ficou mais físico e subi meu nível de energia, então pude ser muito precisa nos momentos que mais precisava. Jogamos uma partida de bom nível hoje e foi um alívio não ter ido para um terceiro set".

Jabeur, por sua vez, falha em sua segunda final seguida de Grand Slam. Ela ficou perto de conquistar Wimbledon, mas perdeu a decisão em três sets para Elena Rybakina. Aos 28 anos, tem se acostumado a quebrar barreiras para as mulheres árabes e africanas nos últimos anos e soma três títulos no circuito da WTA, dois deles neste ano em Madri e Berlim. Esta foi sua décima final da carreira e a sexta na temporada.

Vale ressaltar, também, que Jabeur se tornou a primeira africana, além de ser a primeira mulher árabe-muçulmana, a alcançar a decisão do US Open.

"Demorei um pouco para ganhar meu primeiro título WTA, então este troféu de Slam também levará algum tempo. O mais importante é aceitar e aprender com minhas derrotas. Não sou alguém que joga a toalha. Tenho certeza que estarei numa final novamente. Eu farei o meu melhor para isso", contou a tunisiana. "Perder Wimbledon foi difícil e este também será difícil. Vou dormir algumas horas nos próximos dias. Faz parte do tênis ganhar e perder".

O jogo

A decisão começou com um domínio muito grande da número 1 do mundo, que abriu 3 a 0, quebrando a adversária tunisiana já no segundo game. Jabeur, então, passou a acertar as devoluções, conseguiu ótimos winners e fez 2 a 3. Em seguida, porém, foi quebrada novamente por Swiatek. O jogo consistente da polonesa se manteve tanto na esquerda quanto na direita, o que fez com que a rival tivesse muito erros em bolas não forçadas. E o primeiro set, em menos de 30 minutos, foi para Swiantek em nova quebra contra Jabeur.

O ótimo trabalho no primeiro saque e as boas devoluções seguiram como pontos fortes da jogadora da Polônia no segundo set. Jabeur contou com o apoio da torcida no maior estádio de tênis do mundo. E deu sinais de reação. Mas uma dupla falta aqui, outra passada tomada ali, e o lado psicológico da tunisiana ia ficando pelo caminho. E algumas raquetes jogadas no chão depois, o segundo set começava igual ao primeiro, com Swiantek abrindo 3 a 0, com uma quebra.

O roteiro se repetiu inclusive com a devolução da quebra de Jabeur. Depois, adivinha? Swiatek devolveu. De novo. E abriu 4 a 2, com o saque na mão. A polonesa não perdia a calma em momento algum. E vencia com bons golpes todos os pontos com trocas mais longas. Àquela altura, parecia que o jogo acabaria em poucos minutos. Mas a tunisiana resolveu reagir e ainda estendeu a decisão ao empatar o set em 4 a 4, em seu melhor momento da tarde.

A torcida, ávida por mais jogo, passou a torcer ainda mais para a tunisiana. Ela cresceu junto. E Swiatek começou a errar, o que não estava acontecendo. A virada estava prestes a acontecer, mas Jabeur perdeu três boas chances de fechar o game. E a polonesa fez 5 a 4, quando estava mais pressionada. Na sequência, com firmeza, veio o empate da tunisiana: 5 a 5. Swiatek confirmou e, desta vez, vibrou. O fim estava próximo. Mas Jabeur insistia, lutava e mantinha as esperanças. Levou o set para o tie-break. Mas do outro lado estava a melhor da atualidade, e Swiatek fechou a partida em 7/5, sob aplausos efusivos para ambas as finalistas.

Foto: Getty Images

Publicidade