A Jornada de Vitor Galvão: De Promessa Juvenil a Mentor de Talentos

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Por Raphael Favilla  •  03 de Julho de 2024

Em uma tarde de sol no Rio de Janeiro, Vitor Galvão, aos 30 anos, está na quadra da Rio Tennis Academy, instruindo jovens talentos. Com um olhar atento e gestos precisos, ele não apenas ensina técnicas, mas transmite a paixão pela modalidade que o cativou desde a infância. "Aqui, sinto que estou passando adiante não só meu conhecimento, mas minha paixão pelo tênis. É gratificante ver esses jovens crescendo no esporte", compartilha o professor, com um sorriso que reflete seu orgulho.


Vitor começou sua jornada no tênis aos sete anos, durante uma festa de aniversário no Tijuca Tênis Club. "Foi amor à primeira vista. Embora meu pai jogasse, ele nunca me forçou a pegar uma raquete. Tudo aconteceu de forma muito natural", recorda. Em apenas três meses, ele já era o destaque da escolinha, mostrando um talento nato para o esporte. "Eu era fanático por futebol, mas o tênis me conquistou de uma maneira que eu nunca imaginei", acrescenta.

Aos dez anos, após uma conversa decisiva com o pai Gilberto Galvão, Vitor optou pelo tênis em detrimento do futebol, buscando um esporte que dependesse exclusivamente de seu próprio desempenho. "Eu queria algo que dependesse só de mim, e o tênis era perfeito para isso", explica. Treinando sob a tutela de seu pai, ele conquistou o campeonato brasileiro aos 12 anos, um marco que prenunciava seu futuro promissor. "Treinar com meu pai foi uma experiência boa, mas também desafiadora. Às vezes, era difícil separar o papel de pai e treinador", relembra.


A transição para a AMIL, um renomado centro de treinamento à época, comandada pelo ex-técnico da Copa Davis Ricardo Acioly, e que já não existe mais, foi um salto significativo em sua carreira. "Foi lá que meu jogo realmente evoluiu. Eu treinava com atletas mais velhos e de alto nível, o que me desafiava diariamente", conta Vitor. Aos 14 anos, ele despontou no circuito juvenil, graças a vitórias em torneios prestigiados como o Banana Bowl e a Copa Gerdau. "Ganhar esses torneios foi um dos momentos mais marcantes da minha carreira juvenil. Me tornei o número um da América do Sul, e isso abriu muitas portas para mim", diz com orgulho.

A adolescência de Vitor foi marcada por viagens e competições internacionais, incluindo um período nos Estados Unidos para treinar com o argentino Guilherme Cañas. "Treinar com alguém que foi top 10 mundial foi incrivelmente enriquecedor", afirma. No entanto, a transição para o profissional foi dificultada por questões financeiras e decisões pessoais, levando-o a optar pelo tênis universitário nos EUA, onde continuou tendo bons resultados. "No juvenil, eu estava no mesmo nível de jogadores que hoje são grandes nomes do tênis profissional, como o austríaco Dominic Thiem. Ganhei dele no juvenil, o que foi uma grande conquista para mim", relembra.


Após a formatura e o falecimento de seu pai, Vitor enfrentou momentos de grande dificuldade. "Foi um período muito duro, mas também de muito aprendizado. Meus amigos e a comunidade do tênis foram essenciais para mim", revela. De volta ao Brasil, ele se dedicou ao ensino do tênis, primeiro nos Estados Unidos e agora na Rio Tênis Academy. "Trabalhar na Rio Tênis Academy tem sido uma experiência incrível. Estou treinando jovens que têm o potencial de se tornarem grandes atletas, e isso me motiva todos os dias", comenta o ex-atleta, que desde 2015 dá aulas como voluntário e também recebendo remuneração.

Hoje, enquanto aguarda o visto de trabalho para retornar aos Estados Unidos, Vitor celebra a chegada de seu filho e os novos desafios em sua carreira. "Estou ansioso para voltar aos EUA, mas também estou aproveitando cada momento aqui no Brasil, ajudando a formar a próxima geração de tenistas", diz ele, otimista. "Ter um filho mudou minha perspectiva de vida. Quero ser um exemplo para ele, assim como meu pai foi para mim", acrescenta.


"Vitor esteve aqui conosco durante seis meses. Um período em que ele contribuiu muito para o desenvolvimento dos nossos atletas aqui, com toda a experiência que ele teve dentro do mundo de alto rendimento, do mundo juvenil e também depois jogando tênis profissional, com toda a experiência dele do tênis universitário e somos muito contentes com a contribuição que ele trouxe para os nossos alunos", conta o CEO da Rio Tennis Eduardo Frick, chefe de delegação do Brasil em competições internacionais como o Pan Lima 2019 (Ouro) Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 (Bronze), Pan Santiago 2023 (melhor campanha da história do Brasil: 3 ouros, 1 prata e 1 bronze), Copa Davis e BJK Cup.

Vitor Galvão não é apenas um ex-atleta; é também mentor, educador e um apaixonado pelo tênis, cuja história inspira não só jovens atletas, mas todos aqueles que buscam superação e sucesso em suas próprias jornadas. "O tênis me ensinou muito sobre disciplina, resiliência e paixão. Espero poder transmitir esses valores para todos que cruzarem meu caminho", conclui Vitor, com a certeza de que sua jornada está apenas começando.





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