De tempos em tempos o tênis vê surgir um jovem com enorme potencial para grandes feitos. Foi assim, entre outros, com Alexander Zverev, Stefanos Tsitsipas, Félix Auger-Aliassime, Casper Ruud e mais recentemente com Carlos Alcaraz. Talentos inegáveis que só o tempo poderá dizer o real tamanho de cada um deles na história da modalidade.
A mais nova sensação da ATP vem do outro lado do mundo, de um país continental super potência do esporte, mas que até hoje não viu um representante seu entre os maiores da modalidade.
Mas alguns entusiastas já apostam que esse tabu tem os dias contados.
Aos 23 anos, Yibing Wu se tornou neste domingo o primeiro chinês a conquistar um título de nível ATP ao ganhar uma final disputada palmo a palmo com o gigante norte-americano John Isner. O duelo de três horas viu três tiebreaks, oito match-points salvos, sendo quatro para cada lado, e o incrível placar de 6/7 (4-7), 7/6 (7-3) e 7/6 (14-12).
A final teve outro fator a ser destacado. Dono do recorde absoluto de aces num encontro, 113 em Wimbledon — algo que com o formato atual é virtualmente impossível ser batido -, Isner disparou 44 na final do ATP 250 de Dallas, e ficou pertíssimo do recorde de serviços diretos em um jogo melhor de três sets. Esse ainda pertence a Ivo Karlovic, que disparou 45 contra Tomas Berdych em Halle 2015.
Em Dallas, Wu superou na semana quatro cabeças de chave - o canadense Denis Shapovalov, o francês Adrian Mannarino, o norte-americano e favorito Taylor Fritz e por fim Isner. Assim, nesta segunda-feira o chinês está dando um salto incrível no ranking.
Uma semana após entrar no top 100 pela primeira vez, Yibing Wu embalou de vez no ranking e teve a maior ascensão entre os 100 melhores do mundo. Campeão no ATP 250 de Dallas, ele disparou 39 colocações e já se aproxima do top 50, alcançando nesta segunda-feira o 58º lugar no ranking da ATP.
Ex-número 1 juvenil, o chinês conviveu com uma série de lesões e ficou sem competir entre março de 2019 e janeiro de 2022. Em março do ano passado, era apenas o 1869º do ranking e aí venceu três challengers e um future, além de furar o qualificatório do US Open e atingido a terceira rodada.
A história de Yibing Wu é uma daquelas que merecem mesmo ser contadas. No último US Open, Wu se tornou o primeiro chinês a vencer um encontro num Grand Slam na Era Aberta (e desde 1959). Depois, Wu bateu Nuno Borges e classificou-se para a terceira rodada, algo que nunca tinha acontecido com um chinês em Nova Iorque e que não surgia no tênis masculino do seu país desde 1946.
“Não pude jogar aqui (Estados Unidos) nos últimos anos por causa da Covid-19. Eu simplesmente não tive a chance de sair do país e jogar os grandes torneios, nem mesmo Challengers e Futures”, contou Wu, à época, no US Open.