Do peixinho ao ace

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Por Raphael Favilla  •  09 de Março de 2017

Das arenas às quadras. Da areia fofa à terra batida. Uma lesão no joelho alterou o rumo de Ricardo Oliveira nos esportes, abreviando sua carreira no vôlei de praia e levando-o a conhecer o tênis. Professor de Educação Física, o ex-atleta, que jogou ao lado do campeão olímpico Emanuel, conta que teve o primeiro contato com as raquetes em uma viagem com amigos após largar o vôlei. E se apaixonou.

“Comecei a fazer aulas e cursos para treinadores. Minhas filhas cresceram me vendo brincando de tênis. Quando a Malu tinha quatro anos e a Isabel sete, passaram a demonstrar um grande interesse pelo esporte. Nesta época estava erguendo uma casa nova. Foi aí que decidi construir no quintal uma quadra de tênis. Comecei a ensinar os primeiros passos às duas. Depois as matriculei na então recém-inaugurada Escolinha do Guga, em Brasília”, lembra.

As meninas cresceram e hoje se destacam nos torneios infanto-juvenis pelo país. Com 14 anos, Isabel Ulhoa é a terceira do ranking feminino até 16 anos. A jovem acumula 118 vitórias na curta carreira, sendo 12 triunfos em 15 partidas só este ano. Já a caçula Maria Luisa Oliveira, de 11 anos, é a segunda melhor ranqueada na categoria até 12 anos. Seu aproveitamento em 2017 ultrapassa a casa dos 90% e se traduz em títulos. Recentemente, Malu levou pra casa o troféu de duplas da 34ª edição do Campeonato Internacional Juvenil de Tênis de Porto Alegre, disputado no saibro da Sogipa. Neste domingo, foi campeã em simples na Seletiva Regional disputada em Goiânia.

“Me sinto muito feliz porque faço o que gosto. Eu adoro jogar tênis. Estar em quadra não é uma obrigação, é uma diversão”, conta Malu. A mais velha vai além, e mira o futuro. “Foi difícil no início porque comecei a jogar tênis tarde. Hoje estou conseguindo melhores resultados, fazendo bons jogos com meninas que antes não conseguia. Isso me dá mais confiança. Agora meu objetivo é buscar a profissionalização. Estou trabalhando duro para isso”, planeja Isabel.

Treinador da Confederação Brasileira de Tênis, Mario Mendonça é o homem por trás dos resultados das jovens tenistas. Capitão das seleções juvenis brasileiras para os mundiais de tênis, ele já acompanhou equipes com Orlando Luz e Bia Haddad.

"A Malu e a Isabel estão em um processo de desenvolvimento interessante. A cada semestre nota-se uma evolução, uma melhora tanto técnica quanto tática. A ideia é seguir os treinos até que elas possam alcançar o maior nível de capacidade. Seguir trabalhando duro, porque o processo é longo mas vale a pena. Elas tem um grande potencial", esclarece Mario.

As meninas contam com o apoio incansável da família, que está de malas prontas. É que no ano passado, Isabel Ulhoa recebeu uma proposta de bolsa irrecusável: melhorar seu jogo com Gabe Jaramillo, no Club Med, nos Estados Unidos.

Jaramillo é uma sumidade no tênis. Braço direito de Nick Bollettieri por 30 anos, o treinador e diretor de tênis do Club Med Academies da Flórida aperfeiçoou a técnica de oito atletas número 1 do circuito, entre eles Agassi, Sampras, Courrier e Sharapova. Também treinou outros 27 top 10, como Nishikori, Rios, Lisicki e Kournikova.

"Daqui a seis meses me aposento. Isto vai facilitar nossa ida para os Estados Unidos. Para viabilizar a viagem, contamos com o apoio de dois parceiros. É importante que a família esteja junto. A Malu tem apenas 11 anos e precisa do nosso apoio", conta Ricardo.

Ricardo Oliveira em ação no Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, nos anos 90. Ricardo Oliveira em ação no Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, nos anos 90.

 

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