Quadra Thomaz Koch

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Por Domingos Venâncio  •  01 de Agosto de 2022

Que linda homenagem !!!! Super merecida !!! O Paissandu Atletico Clube , Rio de Janeiro, durante o ITF Feminino, organizado pelo Grande Maurão Menezes, acerta em cheio ao dar o nome do grande ídolo Thomaz Koch , a uma de suas quadras.

Nesse clube, nosso grande Thomaz passa horas e horas, a vários anos, demonstrando toda a beleza, harmonia e qualidade de seu tênis, que o levou a vencer simplesmente TODOS os jogadores “n.o 1” do mundo que cruzaram seu caminho, além de tantas conquistas que não irei mencionar nesse artigo para não perder o foco. Tamanha a exuberância de seu tênis, de sua carreira, que realmente começaríamos a “viajar” no tempo. Thomaz , seja na quadra ou no “paredão” do Paissandu, dá a alguns privilegiados que o vêem jogar a chance de testemunhar, admirar, o que representa a palavra TALENTO! Tênis no seu mais elevado padrão de técnica e beleza...

Já tive a emoção de inaugurar uma quadra com meu nome, homenagem da AABB , em minha querida NIKITY! Presente do querido Livio Calhau, diretor daquele clube, e que no mesmo dia inaugurou a quadra Ivo Calhau, homenageando seu saudoso pai e meu grande amigo. Thomaz estava presente .... Há poucos meses atrás participei da inauguração da quadra Orlando Papa Jr., em Corumbá-MS, no lindíssimo Pantanal, homenageando o precursor do ensino de tênis daquela cidade, o querido Papa. Alcindo Valle, Edu Cabral, a ATC e seus tenistas, e a Escola Guga de Campo Grande juntaram esforços para o sucesso do evento. Agora, na inauguração da quadra Thomaz Koch, a emoção é indescritível !!!! A pedido dos idealizadores dessa homenagem, ajudei a divulgar “em off”, o que aconteceria...resultado.... Muitos grandes nomes do nosso tênis enviando mensagens parabenizando os responsáveis pelo evento e deixando clara a importância do GRANDE TK nas vidas de tantos ídolos. Quanta inspiração para todos!

Achei pertinente pedir à direção da Nittenis, que reeditasse um artigo de tempos atrás, dando meu testemunho sobre esse momento que tantos, cada um a seu modo, vivenciamos no contato com essa grande figura, tão marcante.... Ai vai ele....

OBRIGADO THOMAZ! Parabéns! ainda continua nos inspirando..... By the way.... alguém adivinha qual é o nome do paredão do QG dos Venancio, no Pé Pequeno, Nikity? Isso mesmo...Thomaz Koch! Turning Points... Carpe Diem!

Há certos momentos importantes na vida em que nos deparamos com o futuro de maneira muito clara. São momentos de escolhas, de decisões, de “guinadas”, ou, simplesmente de percepção, contemplação e satisfação pela certeza de estarmos no caminho certo. São “turning points”... Algumas vezes, só nos damos conta depois de termos passado por esses momentos. Outras vezes, conseguimos percebê-los a tempo de curti-los ao máximo. Aí vai uma historinha bastante pessoal...

Nos anos 70, no decorrer de um período de tênis infanto-juvenil bastante satisfatório, eu e meus irmãos Edgard e Lincoln competíamos pelo Tijuca Tênis Clube, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Apesar de morarmos em Niterói, treinávamos lá de segunda a domingo, passando muitas horas nos ônibus intermunicipais, e muito mais horas ainda nas quadras. Devido a um bem humorado preconceito da época, os jovens tenistas tijucanos “pegavam no nosso pé” por sermos de Niterói (do outro lado da poça, onde a melhor coisa é a vista do Rio, etc...). Entretanto, quando jogávamos nos clubes da Zona Sul, os tenistas locais também “pegavam no pé” pelo fato de jogarmos pelo Tijuca (ZN, subúrbio, etc...). Eu ainda não sabia que em um futuro bem próximo, no Texas, USA, por onde eu e Lincoln viríamos a jogar tênis universitário, mexicanos, porto-riquenhos , sulamericanos e afins formavam um só grupo de terceiro mundistas (mais gente “pegando no pé”)... Tudo isso sempre foi tratado com muito humor, nos papos que eu e meus irmãos tínhamos com nosso pai, nas muitas horas dentro do Corcel azul 75...

Início do ano de 79 (há exatos 40 anos atrás!) *em relação à edição do artigo, acabo de passar à semifinal de uma das etapas classificatórias da Copa Hering, à noite, no aristocrático e elegante Rio de Janeiro Country Club, em Ipanema, ficando a uma rodada da finalíssima em Sampa, onde alguns felizardos disputariam uma vaga para um torneio juvenil antes de Wimbledon, em Londres. Surge meu amigo Marcos “Tico”dos Anjos... “Domingos, você pode bater uma bolinha com o Thomaz?” (Thomaz Koch, maior ídolo do tênis sul americano até então, retornava de um ano inativo devido a uma cirurgia de hérnia de disco, e estava voltando aos treinos)... “CLARO QUE SIM!”, respondi... Fomos para a quadra ao lado da piscina, mais reservada, para fugir do tumulto, pois havia um outro jogo do torneio em andamento, o que não mudou nada, pois TODO o público correu para assistir ao “treino do Thomaz Koch” (acho que ninguém deve ter me visto, pois todas as atenções se voltavam, naturalmente, para o outro lado da quadra...).

Para mim, foi um momento mágico! Apesar de muito nervoso, consegui fazer um bom treino, não sem antes errar muitas bolas, (logo eu, “bacanão”, que sempre “tirei onda” de ser “super regular”...). Era muito difícil não prestar atenção aos detalhes daquele momento... Thomaz, cabelos longos, vestindo um agasalho Adidas verde com listras amarelas , com o nome KOCH nas costas, em letras “garrafais”, usava uma raquete Wilson T2000, que não parava de brilhar sob a iluminação amarelada das quadras do Country... E eu, nítero-tijucano (muito em breve, cucaracha terceiro mundista... rsrs), estava ali, no mais aristocrático de todos os clubes brasileiros, “soltando a esquerda”, com uma lenda viva do tênis mundial! Pensei... “É isso que eu quero!" Ali era o “turning point”! Percebi que não pensava no jogo do dia seguinte... Queria curtir aquele momento (Carpe Diem !!! ), e, num pensamento meio louco, que passa muito rápido nessas horas, torcia para que pudessem acontecer outros momentos como aquele... Já entendia, naquele momento, que o “barato” está no processo, não no resultado final, que pode ser alterado por milhões de fatores.

No dia seguinte, eu, cabeça um do torneio, aos 17 anos, perdi facilmente para o Chapecó (Carlos Chabalgoity) de 14 anos apenas . Uma das derrotas mais “doídas” da minha carreira, até aquele momento. Poderia usar a desculpa de ter ficado treinando até tarde, mas não era a verdade. Treinar muito nunca foi um problema para mim. Ok, talvez o “foco” tenha mudado... Mas o certo é que o Chapecó conhecia o jogo mais do que eu, mereceu vencer, e algum tempo depois, encantou a todos com uma das mais brilhantes carreiras infanto- juvenis (a nível internacional) que se tem notícia. Eu, por minha vez, segui minha carreira no tênis de forma muito satisfatória e prazerosa, tanto no âmbito pessoal quanto no profissional, por muitos anos... Poucas vezes me lembro daquele jogo... Aquele treino mágico... Ficou para sempre... CARPE DIEM!

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