Sem pódio, mas em clara evolução

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Por Diego Werneck  •  02 de Agosto de 2021

Mesmo ainda sem disputar medalhas na modalidade, a equipe de tênis de mesa brasileira encerrou sua participação nos Jogos Olímpicos apresentando clara evolução com relação aos resultados da Rio 2016. Há motivos para celebrar o desempenho dos nossos mesatenistas, quer seja nas chaves individuais ou nos confrontos por equipes, em especial no masculino.


Grande destaque brasileiro da modalidade e 7º melhor mesatenista do mundo, Hugo Calderano mostrou todo seu potencial em Tóquio e se reafirma como um dos principais atletas do tênis de mesa da atualidade no cenário mundial. Após fazer história e alcançar as quartas de final - o melhor resultado de um brasileiro em uma Olimpíada -, por muito pouco não chegou às semifinais. O carioca chegou a abrir 2 sets a 0, mas sofreu a virada do alemão Dimitrij Ovtcharov, 12º no ranking mundial, por 4 a 2.


- Hoje não deu. Obrigado por jogarem comigo e continuarem acreditando. Muito orgulho por levar o tênis de mesa do Brasil às quartas de final de uma Olimpíada. Vamos por mais! - publicou Calderano nas suas redes sociais após a eliminação.


Outro brasileiro na disputa individual, o experiente Gustavo Tsuboi, 36 anos de idade e atual 37º no ranking da ITTF, também atingiu resultado histórico ao chegar às oitavas - igualando o feito de Hugo Hoyama em Atlanta 1996 - e colocar pela primeira vez dois brasileiros simultaneamente nessa fase de uma Olimpíada. Tsuboi caiu nas oitavas, mas ficou satisfeito com seu desempenho pessoal.



Gustavo Tsuboi chegou às oitavas no individual


- Hoje me despeço do torneio individual com um gostinho de dever cumprido e ao mesmo tempo de quero mais, acabei perdendo para o Lin Yun Ju, 6º do mundo por 4 x 2. Não tenho nem palavras para expressar o quanto estou feliz por ser acolhido por todos vocês. Obrigado a todos pelas inúmeras mensagens de apoio - registrou em seu perfil nas redes.


Nas disputas por equipes, o time masculino, sexto melhor conjunto do mundo, superou a Sérvia por 3 a 2, em uma verdadeira batalha pelas oitavas de final. Calderano teve que suar muito para vencer seus dois jogos e quem decidiu o confronto a favor do Brasil foi Vitor Ishiy, com uma vitória na quinta e decisiva partida.


Nesta madrugada, pelas quartas de final do torneio - mais uma marca inédita alcançada nesses jogos pelos brasileiros -, a parada foi duríssima: a Coréia do Sul, quarta melhor equipe do mundo. E os sul-coreanos começaram o confronto mostrando porque estão entre as potências do esporte, abrindo 2 a 0 ao vencer por 3 sets a 0 as partidas de duplas e o primeiro de simples, no qual Calderano sucumbiu ao agressivo e intenso jogo de Jang Woo-jin, principal atleta da equipe asiática.


No terceiro jogo da série, coube a Gustavo Tsuboi a ingrata tarefa de impedir a vitória sul-coreana na melhor de cinco jogos. O paulista enfrentou Jeoung Young-sik, ex-top 10 do circuito, e fez frente ao forte adversário, levando a partida para o quinto set mesmo sentindo dores no braço esquerdo que exigiram inclusive atendimento médico durante o quarto set, vencido pelo brasileiro. Apesar de ter lutado muito, no final a vitória foi do asiático, que fechou o jogo em 3 sets a 2 e o confronto em 3 a 0 para a Coréia do Sul, que avança às semifinais e enfrenta a China, grande potência da modalidade e favorita à medalha de ouro.


Mulheres também demonstram evolução



Bruna Takahashi, top 50 do mundo


Embora a frieza dos números não seja tão favorável a uma análise sobre o desempenho das nossas mesatenistas, é importante contextualizar e tentar enxergar por trás das estatísticas e scouts de jogos. Ainda que não tenham vencido na chave individual e a eliminação já no primeiro confronto por equipes seja fato, não podemos deixar de destacar a força das adversárias: Hong Kong é a quinta melhor equipe do mundo e uma das potências do tênis de mesa mundial, portanto favorita à medalha em Tóquio. Suas três atletas figuram entre as 50 melhores mesatenistas do mundo, posição que apenas a número um brasileira, Bruna Takahashi, detém na atualidade (23ª no ranking).


Ainda assim, as brasileiras foram bravas e venderam caro a derrota nas oitavas para as asiáticas. Após derrotas nas partidas de abertura de duplas e com Bruna na primeira individual, a estreante em jogos olímpicos, Caroline Kumahara, venceu Ho Ching Lee por 3 sets a 2, levando o confronto para o quarto jogo com o placar em 2 a 1 para Hong Kong. Na quarta partida, no entanto, Jessica Yamada não resistiu ao forte jogo de Hoi Kem Doo, que já havia superado Bruna Takahashi na segunda partida do confronto, e perdeu por 3 sets a 1, com Hong Kong fechando a série também em 3 a 1.


Agora é iniciar um novo ciclo olímpico para chegar com tudo em Paris 2024, onde o tênis de mesa brasileiro, se mantiver a rota de ascensão dos últimos anos, tem tudo para chegar com reais chances de pódio e quebrar mais marcas históricas.

Crédito fotos:

Capa  Miriam Jeske/@timebrasil

Bruna Takahashi  André Soares/CBTM

Gustavo Tsuboi  @cbtenisdemesa


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