Tênis juvenil: o que devemos mudar?

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Por Nittenis News  •  22 de Outubro de 2020

Por Haroldo Zwetsch


Olá Pessoal,

 

Pelo segundo ano consecutivo estive em Roland Garros acompanhando nosso atleta Gustavo Heide, que alcançou as oitavas de final na modalidade de Simples. Este ano acumulei as funções de técnico oficial da CBT, acompanhando atletas brasileiros, entre eles Bruno Oliveira e Natan Rodrigues, que alcançaram a final de Duplas do torneio Junior.

 

Durante os 12 dias de permanência no Grand Slam francês - um belíssimo evento, mesmo com todas as restrições impostas este ano – tive a oportunidade de acompanhar todo o torneio Junior.

Um dado interessante a registrar é que a hegemonia do tênis europeu é amplamente comprovada, tanto no juvenil quanto no profissional.

 

Para ilustrar um pouco melhor esta análise, reforçada pelo fato das finais terem sido realizadas por tenistas de três países do velho mundo, Suíça no masculino, França e Rússia no feminino, vou me concentrar no desenvolvimento do evento a partir das oitavas-de-final.

 

Dos 32 classificados para esta fase, apenas três não eram do velho continente - dois argentinos e um brasileiro. Se compararmos com o primeiro Grand Slam de 2020, o Aberto da Austrália, nesta mesma fase do torneio júnior apenas seis tenistas não eram europeus (dois no masculino e quatro no feminino). No torneio profissional deste ano em Paris, seguiram entre os 32 atletas classificados para as oitavas-de-final da competição 26 jogadores da Europa. Os demais eram um argentino e um americano no masculino e duas americanas, uma argentina e uma chinesa entre as mulheres.

 

O ponto que mais me chamou a atenção ao assistir os jogos foi a agressividade e a vontade de vencer as partidas. O que é conhecido no meio tenístico como “querer mais do que o adversário”.

 

É notória a diferença nestes dois aspectos. As questões técnicas e táticas não se destacam tanto, pois todos já têm um nível de jogo alto e conseguem desenvolver o seu melhor tênis.

 

Alguns pontos-chave das diferenças são: em horas decisivas, tomam as ações primeiro; buscam a agressividade sem assumir tanto o risco; possuem armas vencedoras e as paralelas são as bolas mais usadas para finalizar os pontos.No feminino, em particular, tanto no juvenil como no profissional jogam muito mais plano que no masculino, além do que, ao longo do jogo, as meninas oscilam mais de rendimento.

 

Tenho convicção de que, se nossos jogadores lutarem como nossos hermanos e os europeus, teremos torneios muito mais disputados. Afirmo, sem dúvida, que temos uma trabalho de formação muito bom, sem perder nada nas questões técnicas e táticas.

 

Mas o jogo é só isso?

 

O questionamento que eu faço é: o que devemos mudar?

Ter competições melhores ou ter COMPETIDORES melhores?

 

Espero que tenham gostado da leitura. Até a próxima!

 

Haroldo Zwetsch Júnior é técnico de tênis há mais de 25 anos, Head Coach do CFTRP, onde trabalha no processo de formação até o alto rendimento, tanto no masculino quanto no feminino. 

haroldo@cftrp.com.br


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