Tiafoe vive maior momento da carreira

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Por Raphael Favilla  •  06 de Setembro de 2022

O norte-americano Frances Tiafoe saiu da quadra Arthur Ashe em êxtase. Não foi por menos. Jogando em casa, no principal torneio do país, o filho de imigrantes africanos acabara de vencer a lenda viva em atividade Rafael Nadal. Com um saque precioso, golpes muito potentes e pernas velozes, Tiafoe derrotou pela primeira vez em três duelos o espanhol com as parciais de 6/4, 4/6, 6/4 e 6/3. Com o resultado desta segunda (5), o atual 26º do mundo avança de forma inédita às quartas de final no US Open e terá pela frente agora o russo Andrey Rublev.

“Disse para meu agente que senti como se o mundo tivesse parado, não consegui ouvir nada por um minuto. Eu mal podia ver minha equipe, foi uma coisa totalmente maluca. Meu coração estava a mil por hora, estava muito animado. Honestamente, nunca senti algo assim na minha vida”, afirmou Tiafoe, após o confronto.

Aos 24 anos e oito meses, Tiafoe é o mais jovem tenista da casa a ir tão longe no US Open desde Andy Roddick, que tinha acabado de completar os mesmos 24 quando foi à final em 2006. Tiafoe havia perdido nas oitavas das duas últimas edições do torneio. Sua maior campanha em Slam até agora eram as quartas do Australian Open de 2019. Neste ano, atingiu de forma inédita a quarta rodada em Wimbledon.

“Essa vitória aqui obviamente é insana. É a segunda-feira do Dia do Trabalho, a quadra estava totalmente lotada, a multidão estava louca. Eu provavelmente não gostaria de vencer Rafa em nenhum outro lugar. Talvez a quadra central de Wimbledon, mas eu nunca joguei lá”, comentou Frances.

Sua vitória sobre o atual número 3 do mundo iguala resultado contra o também top 3 Stefanos Tsitsipas em Viena do ano passado e é a segunda maior vitória de um tenista norte-americano em Flushing Meadows desde que James Blake surpreendeu o mesmo Nadal na terceira rodada de 2005, quando o espanhol já era o vice-líder do ranking.

Tiafoe conta que ver outros jovens tenistas conseguindo vitórias sobre o Big 3 serviu de inspiração para acreditar que ele também poderia. “Pensava: ‘Será que algum dia poderei dizer que venci Rafa, Fed, Novak? Hoje eu entrei em quadra acreditando que poderia fazer isso. Então agora posso dizer aos meus filhos, aos meus netos que sim, que eu venci o Rafa”, destacou.

Tiafoe relembra infância de luta

Os gritos de comemoração foram também para colocar para fora todas as dificuldades pelas quais passou até se estabelecer no circuito. “Sou filho de imigrantes, meus pais cresceram em Serra Leoa, e vieram para os Estados Unidos no final dos anos 80, começo dos 90. Eles se conheceram aqui, tiveram eu e meu irmão gêmeo”, começou Tiafoe.

“Meu pai trabalhou na manutenção e ajudou a construir um clube em 1999. Minha mãe, sendo enfermeira, tinha dois empregos, fazendo horas extras durante a noite. Assim que entramos no tênis, meu pai dizia que seria incrível se pudéssemos usar isso como uma bolsa integral, porque não podíamos pagar uma universidade”, lembrou o norte-americano.

Além da força dos pais, o desempenho das irmãs Williams também serviu de inspiração. “Assistindo Serena e Venus jogando finais de Grand Slams quando eu era super jovem, eu pensava o quão legal seria jogar Wimbledon, jogar no Arthur Ashe Stadium e coisas assim”, falou Tiafoe.

Com apenas um título de ATP na carreira, Tiafoe por enquanto projeta avanço de apenas duas posições na lista internacional, com chance assim de repetir seu recorde pessoal obtido há um mês, com o 24º posto. Caso derrote Rublev na quarta-feira, entrará no top 20. Ele venceu o russo no quinto set do US Open do ano passado e perdeu em março por sets diretos em Indian Wells.

Nadal perdeu seu primeiro jogo de Slam em 23 partidas nesta temporada e sofreu apenas a segunda derrota nos últimos 23 jogos que fez contra americanos desde outubro de 2017. Apesar da queda, o canhoto de Mallorca mantém grande chance de recuperar a liderança do ranking, o que só não acontecerá caso Carlos Alcaraz chegue na final ou Casper Ruud saia campeão.





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